A morte da professora Christiane Silva Mattos, de 37 anos, no dia 28 de março, rendida no estacionamento privado de um shopping pelo homem acusado de estrangulá-la horas depois, pôs em xeque a segurança dos estacionamentos privados da capital. O crime acendeu um alerta nos brasilienses que todos os dias deixam os seus carros em estacionamentos públicos e privados na capital federal.
De acordo com as investigações da polícia, a pedagoga teria sido abordada por Walisson Santos Lemos, de 24 anos, assassino confesso, ainda dentro do estacionamento subterrâneo e fechado de um shopping na Asa Sul, área central de Brasília. Nas imagens do circuito interno do shopping, Walisson é visto no banco do passageiro dentro do carro da professora na saída do estacionamento. Do shopping, ele teria obrigado a professora a seguir até o Parque da Cidade, parar em um local de pouca circulação e a estrangulado. O corpo da professora foi encontrado no carro trancado, horas após o crime.
A Empresa Brasileira de Estacionamentos Ltda., operadora da marca MultiPark, que é responsável pelo estacionamento do shopping Pátio Brasil, onde Walisson teria abordado a professora, informou que eles são responsáveis pela vigilância e pela guarda dos veículos, que são protegidos por uma apólice. Em nota, eles disseram que há mais de 40 câmeras no local. A empresa disse ainda que tem três estacionamentos em shoppings do DF e outros três em prédios comerciais e que já atendeu cerca de 26 milhões de carro e o caso da professora é isolado. No estacionamento do Pátio, a empresa possui 37 funcionários entre administrativos e vigilantes.
A assessoria de imprensa do Pátio Brasil informou que o shopping está colaborando com as investigações e dando todo o apoio necessário, inclusive já disponibilizou as imagens do circuito de segurança à polícia. A assessoria disse ainda que as imagens deixam claro que a professora não foi abordada nos corredores do shopping. E que esse contato pode ter acontecido no estacionamento ou na área externa.
Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados em Estacionamentos e Garagens Públicas e Privadas do Distrito Federal, Raimundo Domingos, no Distrito Federal existem 150 estacionamentos privados, gerenciados por mais de 35 empresas. Para ele, algumas melhorias nos estacionamentos poderiam ser realizadas.
— A primeira situação que deve ser observada, é a iluminação. Como grande parte dos estacionamentos é subterrânea, a iluminação é fraca. Outro ponto a ser abordado é em relação à vigilância. Dependendo do local, devem existir pelo menos três vigias, que são aqueles homens que fazem ronda em motos.
Segundo Domingos, o valor pago nos estacionamentos privados em Brasília varia de R$ 3 a R$ 7 a hora. O Sindicato dos Empregados em Estacionamentos também informou que as empresas que gerenciam os estacionamentos, por segurança, não divulgam quanto é gasto e nem como funciona a vigilância nos locais.
O ParkShopping declarou por meio de nota que tem um sistema avançado de câmeras monitoradas 24 horas por uma central de segurança do próprio centro de compras.
— Além disso, conta com seguranças localizados em pontos estratégicos, além de outras equipes que fazem a ronda pelo mall e também pelo estacionamento do ParkShopping.
Na visão do professor titular de Direito Privado da UnB (Universidade de Brasília), cabe um processo por parte da família da professora tanto contra o shopping quanto contra a empresa responsável pelo estacionamento. Ele informou que é de responsabilidade dos dois a segurança dos bens que estão no veículo e a vida da própria pessoa que paga pelo serviço.
— O estacionamento é privado, o próprio nome já diz. Se não houver segurança, então a pessoa não precisa pagar. Nesse caso da professora, podemos pensar que a vida poderia ser mais bem vigiada. Houve uma falha do estabelecimento.
O professor diz não entender como uma pessoa rende outra no estacionamento privado de um shopping e ninguém se responsabiliza pelo fato.
— As pessoas devem começar a cobrar sobre os mecanismos de segurança desses locais. Sem falar que nesse caso, onde a professora foi rendida ainda no [estacionamento do] shopping, as câmeras de lá eram de péssima qualidade.
O melhor a se fazer quando for buscar o carro, tanto em estacionamentos privados quanto em locais públicos, é observar bem o local antes de entrar no veículo. É o que aconselha o coronel Edilson Rodrigues, da Polícia Militar. De acordo com ele, as pessoas devem evitar deixar o carro em locais escuros e perigosos.
— É bom os condutores procurarem lugares bem iluminados e se possível, estacionar próximo a Postos Comunitários de Segurança da Polícia. E quando elas entrarem no carro é bom já travar as portas.
De acordo com ele, se o condutor perceber que há uma movimentação estranha próximo ao carro, o motorista deve acionar algum segurança, vigia ou policial para acompanhá-lo até o veículo.
— O mais correto é a pessoa também fechar os vidros do carro quando parar em semáforos ou em quebra-molas.
Sequestros
Dados da SSPDF (Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal) apontam que em março deste ano foram 21 registros de roubos com restrição de liberdade, conhecido como “sequestro-relâmpago”, em estacionamentos. Ao total, o número de roubos com restrição de liberdade foi de 43 ocorrências. O Plano Piloto é líder nesse ranking, com sete ocorrências. Em seguida vem Ceilândia, região administrativa do DF, com cinco registros.
O estudo mostra que 52,5% desses crimes ocorreram entre as 18h e 00h no mês de março, contrariando a tendência do mês de fevereiro, quando prevalecia o período da tarde. O órgão acredita que isso se deve pelo feriado da Páscoa, quando muitas pessoas estão viajando. Vale ressaltar que no terceiro mês deste ano, quarta e quinta-feira foram os dias da semana que teve a maior incidência de roubo com restrição de liberdade.
As principais vítimas de sequestro-relâmpago foram homens. A SSPDF acredita que o predomínio de pessoas do sexo masculino é baseado no princípio da oportunidade e não em função do gênero. R7
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