247 – O ex-presidente Fernando Collor, goste-se dele ou não, é o maior vencedor na espuma da vitória de Renan Calheiros para a presidência do Senado. Amigo pessoal do senador, que foi seu ministro de Articulação Política, Collor chegou a firmar com Renan, nos seus tempos de presidente, um pacto para permanecer por 20 anos no poder. Os planos não fluíram como ele esperava – e por um longo momento histórico ambos foram dados como proscritos do meio político. Collor, pelo impeachment, em 1992. Renan, com a renúncia ao mandato de senador, em 2007. Hoje, eles sorriem do destino.
Vinte e dois anos após o início da governo Collor, além estarem em pleno exercício de seus mandatos de senadores por Alagoas, Collor e Renan formam a principal parceria da Casa. De estilo mais calmo e reflexivo, Renan terá em Collor o complemento de quem fala alto, gesticula e usa as palavras como um sabre. Dos 81 senadores, sem dúvida o ex-presidente é o que empurra aos limites mais distantes os benefícios da imunidade parlamentar.
Antes de completar dois anos de mandato, de um total de oito, Collor já se especializou em chamar a revista Veja, carro-chefe da Grupo Abril, de “revista bandida” e de “gangsters” o editor-chefe Policarpo Junior e o patrão Roberto Civita. Ele não cai em provocações, como as feitas, durante a CPI do Cachoeira, pelo deputado Miro Teixeira, que insinou que o ex-presidente ressurgiu “dos esgotos da política”.
Sem tempo para ser conciliador, Collor despejou sobre o procurador geral da República, Roberto Gurgel, um pedido de impeachment do cargo e, em razão da ação contra Renan que Gurgel entregou ao STF, o brindou com os epítetos de “chantagista” e “prevaricador”.
A postura agressiva de Collor frente ao Judiciário é em tudo útil para o PT que viu sua primeira geração de líderes cair aos pés da toga de Joaquim Barbosa. Trata-se, afinal, de mais uma voz que procura isolar o Judiciário das movimentações do Legislativo.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Collor poder exibir, ali, sua face de ex-presidente, mais diplomática. O cargo faz dele uma peça estratégica para a aprovação, pelo governo, dos nomes de todos os embaixadores do País no exterior.
Atuando em várias frentes, e agora com um ex-auxiliar no comando do Senado, o que se viu de Fernando Collor até aqui é pouco, certamente, em que relação ao que ele vai apresentar daqui por diante. O furacão Collor apenas começou a soprar.
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