Um estudo da International Business Report (IBR) indica que, em 2012, as contratações no Brasil tiveram o melhor desempenho dos últimos três anos. No ano passado, 42% dos negócios que atuam no País admitiram trabalhadores, acima dos 40% verificados em 2011. Em comparação a outras 44 economias, o país foi o quinto que mais contratou no período. O estudo considerou entrevistas com 12,5 mil empresas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a taxa de desemprego fechou 2012 em 5,5%, o nível mais baixo da história. Um cenário otimista, apesar Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), ter identificado que o saldo líquido de empregos formais gerados em 2012 teve o pior resultado anual em três anos, com a geração de 1.301.842 empregos.
"O nível de desemprego no Brasil está tão baixo que as empresas estão com dificuldade para contratar mão de obra", afirmou Paulo Sérgio Dortas, sócio diretor da Grant Thornton Brasil. Dortas diz que entre os motivos que mantêm o mercado de trabalho aquecido está o fortalecimento das classes emergentes e as grandes obras de infraestrutura.
O relatório da IBR mostra que em 2012, a maior quantidade de contratações foi na Índia (62%), seguida pela Turquia (60%). Na frente do Brasil, também ficaram dois países latino-americanos: Peru (57%) e Chile (43%). "Peru, Chile e até a Colômbia vêm aparecendo como importantes receptores de investimentos dos estrangeiros. Isso se explica por dois grandes motivos. O primeiro é a estabilidade econômica desses três países: os níveis de inflação estão bem inferiores ao brasileiro, por exemplo. O outro motivo é que alguns desses países estão crescendo num ritmo maior do que o Brasil", disse Dortas. "Isso, de certa forma, é preocupante porque esses países não tinham tradição de aparecer nessas pesquisas", afirmou. As últimas posições foram ocupadas pelos países europeus afetados pela crise: Grécia (-38%) e Espanha (-24%).
Como consequência do aquecimento do mercado de trabalho, o estudo aponta que a intensa disputa pela mão de obradeve fazer com que pelo menos 29% das e empresas brasileiras concedam reajustes acima da inflação na comparação com outros países. Esse número só é maior na Tailândia, onde 42% das empresas pretendem conceder ganho acima da inflação. "O Brasil tem uma disputa grande pela mão de obra. Uma parte desse aumento real no salário se justifica pela necessidade de reter o talento. Quando existe uma escassez de mão de obra, há uma tendência de as empresas serem mais agressivas na concessão de aumentos salariais", afirmou Dortas.
A tendência, na avaliação do executivo, é que o mercado de trabalho continue aquecido neste ano, justamente por causa das obras de infraestrutura. "A grande questão que fica é onde é que vamos achar esse povo para trabalhar", disse Dortas, sobre a necessidade de ingresso de mão de obra estrangeira qualificada no País.
A pesquisa também coloca o Brasil como o sexto maior em "otimismo empresarial" para os próximos 12 meses. As empresas que atuam nos países emergentes, porém, demonstram insatisfação com a situação da infraestrutura. Na área de transporte, por exemplo, 26% das empresas no Brasil afirmam que as deficiências do setor prejudicam o crescimento da economia. Esse indicador só é maior na Tailândia (36%), na Índia (39%) e no Vietnã (42%).
(*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)
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