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domingo, 3 de fevereiro de 2013

Bombeiros de Santa Maria passam de heróis a suspeitos

Folha.com 
Nas primeiras horas seguintes ao incêndio na boate Kiss, domingo passado, bombeiros da cidade centralizavam todos os elogios pelo heroico resgate de vítimas. Rádios gaúchas replicavam as declarações oficiais de que a corporação agira rapidamente na retirada de jovens feridos, na contenção das chamas (depois, veio-se a saber que o fogo em si foi pequeno) e, principalmente, no entrosamento com as demais forças --polícia, Samu, Força Aérea e hospitais. Mas tudo começou a mudar quando, ainda em meio à contagem dos mortos, a polícia declarou que a inspeção dos bombeiros na boate estava vencida havia meio ano. Surgiam, ali, as primeiras dúvidas sobre a corporação, além de uma série de contradições entre diferentes vozes dos próprios bombeiros.
Seu comandante-geral se adiantou e disse que não havia nada de errado no local. De acordo com essa primeira versão, a casa noturna Kiss havia sido vistoriada logo após o alvará ter expirado, em agosto do ano passado. "Notificamos os donos, fizemos vistoria e verificamos que os itens mínimos de segurança estavam em dia", disse à Folha o coronel Guido Pedroso de Melo. "A lei é clara: embora [o alvará dos bombeiros] esteja expirado, enquanto a renovação estiver tramitando, não é cabível a interdição do local", completou o coronel. O alvará dos bombeiros é pré-requisito para que a prefeitura conceda a licença de funcionamento do local. Essas primeiras declarações do comando dos bombeiros, porém, logo caíram por terra. O governo do Estado, ao qual a corporação está subordinada, disse que, sim, a casa noturna deveria estar fechada. Em seguida o comando militar gaúcho, também acima dos bombeiros, admitiu que a última vistoria na Kiss ocorrera em agosto de 2011, e não de 2012, como afirmara no primeiro momento. Acuados pelos superiores, os bombeiros se calaram. Deixaram de responder, por exemplo, se duas portas de emergência, lado a lado, eram de fato suficientes e bem posicionadas. Também não divulgaram o laudo da inspeção realizada na casa em agosto de 2011. A ação de salvamento dos bombeiros também virou alvo dos advogados dos sócios da boate. Eles chamaram de "desastrosa" a operação, em especial por ter utilizado civis sem treinamento, o que é proibido pelo regimento. "Deixei que civis ajudassem", revelou à Folha no início da semana o sargento Robson Müller, que comandou o resgate na tragédia. Um inquérito militar foi instaurado para apurar eventuais irregularidades no resgate e na liberação do prédio, quando da realização da última vistoria, em 2011.

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