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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Após engravidar 12 vezes do pai, agricultora pernambucana vai receber pensão de R$ 1 mil


A agricultora Severina Maria da Silva, 46 anos completados ontem, finalmente recebeu do poder público uma reparação em relação à falta de assistência sofrida durante os vários anos em que foi violentada pelo pai, de quem engravidou 12 vezes. Na quinta-feira, a Câmara de Vereadores de Caruaru concedeu a agricultora uma pensão pecuniária que vai ajudá-la a criar os quatro filhos (e irmãos) adolescentes que vivem com ela em uma pequena casa na Vila Itaúna, zona rural de Caruaru. Segundo Elba Ravane, da Secretaria Especial da Mulher, o valor fixado foi de R$ 1 mil mensais. A pensão, segundo Elba, é um direito adquirido e não pode ser suprimido da agricultora, mesmo com mudanças de gestão no município. Severina mantinha os filhos com o dinheiro da lavagem de roupas em casas vizinhas, mas uma doença nos rins vinha impedindo que ela realizasse a função. O plantio extraído da roça (milho, feijão) é voltado para sustentar ela e a família.
Severina começou a ser molestada aos 9 anos. Tem cinco filhos vivos: José Severino, 14; Antônio Severino, 15; Cícera, 12; Antônia, 18; e Antônio, 20 (este vive em uma casa próxima à da mãe). Durante os 28 anos em que Severino Pedro Andrade, seu pai, a violentou, Severina procurou várias vezes as Delegacias de Caruaru e Brejo da Madre de Deus. Seu pai nunca foi preso ou sequer procurado pela polícia. Em 2005, ela contratou dois homens para matar Severino, dias depois de ele mostrar-se interessado em molestar Antônia, filha dele e de Severina. Na época, a menina tinha 11 anos. A agricultora foi presa após sair do enterro do pai (sua mãe, Maria Eudócia, a denunciou) e passou um ano e um mês na Colônia Penal de Garanhuns, sendo considerada, segundo o texto do processo,“perigosa para a sociedade”. Em agosto de 2011, ela foi levada a julgamento (no Forum Thomaz de Aquino Wanderley, no Recife) e absolvida – o próprio promotor, José Edevaldo, entendeu que a agricultora era vítima, não culpada. Dias depois, ela passou a ser atendida, no Centro de Referência da Mulher, por uma psicóloga que a visitava em casa. Em setembro de 2012, a agricultora declarou que há mais de seis meses ninguém do serviço de saúde municipal a procurava. A história de Severina foi contada em um caderno especial publicado pelo Jornal do Commercio em agosto do ano passado, intitulado A vida é Nelson (homenagem aos cem anos do nascimento de Nelson Rodrigues), publicado na internet. A proposta de auxílio financeiro foi enviada ano passado pela Secretaria Especial da Mulher e aprovada na última quinta-feira por unanimidade. De acordo com a assessoria, toda a família passará a receber assistência através da Secretaria de Políticas Sociais. Severina também é acompanhada por uma assistente social do Centro de Referência da localidade. (JC)

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