Em meio a rostos novos, um conhecido, quase íntimo da torcida vascaína. Às costas, um número que representa um ano emblemático: 98. Em seu currículo, uma das passagens mais vitoriosas da história do Cruz-Maltino. Em São Januário, onde nasceu e cresceu, e diante da torcida - seus semelhantes quando o assunto foi amor ao Vasco - Pedrinho fez a sua despedida do futebol de forma oficial.
A torcida compareceu para dar um "último abraço" naquele que ainda menino chegou na Colina e, mais tarde, ajudou em grandes conquistas. Na arquibancada, uma homenagem: uma bandeira com o dizer "Pedrinho, ídolo eterno" e uma foto dele pedindo silêncio. Qual vascaíno se esqueceria daquela goleada sobre o Flamengo na final da Taça Guanabara de 2000? Da comemoração provocativa frente à torcida rival? Ou ainda das embaixadinhas? Dos gols sobre o Grêmio nas quartas de final da Libertadores de 1998? De todo o carinho e dedicação de um jogador ao defender seu clube de coração? Resumindo: qual vascaíno se esqueceria de Pedrinho?
Em sua entrada em campo, fogos. Fogos para celebrar o que representou na Colina, o amor recíproco entre jogador e torcida, relembrar uma época de inúmeras conquistas. Fogos para Pedrinho fechar com chave de ouro. Fogos para apagar de uma vez por todas aquele choro de Pedrinho à beira do gramado em 2008. O destino quis que a sua última imagem em São Januário fosse aquela, a torcida quis diferente e assim foi.
Enquanto Pedrinho se despedia, reforços se apresentavam à torcida. Alguns recém-chegados como o lateral-direito Elsinho e o atacante Thiaguinho tiveram o primeiro contato com São Januário e os vascaínos.
O jogo serviu como um primeiro teste para esta temporada, para analisar o redimento do time que teve seu elenco praticamente remontado em dois meses. Aos 12 minutos do primeiro tempo, a primeira comemoração do ano. Após cobrança de falta de Bernardo, Wendel, de cabeça, abriu o placar. Na comemoração, todos abraçaram Pedrinho, o homenageado da tarde.
Durante a partida, gritos exaltando Pedrinho e pedindo que ele permanecesse no clube. Após as perdas de Juninho e Felipe, natural que a torcida queira ver um ídolo em campo. No primeiros minutos do segundo tempo, um lance que, talvez, justificasse ainda mais o pedido. Pedrinho aplica um chapéu em Ericksen, drible para se aplaudir de pé.
O time de Gaúcho ainda teve um gol anulado. Após boa jogada de Pedrinho pela direita, aos quatro minutos, Elsinho carimbou a trave e, no rebote, Thiaguinho completou para o fundo da rede, mas estava em posição irregular. Aos 16 minutos, Pedrinho foi substituído pelo volante Fillipe Soutto. Ao deixar o gramado, ouviu os gritos de "Fica, Pedrinho".
O Ajax ainda teve algumas oportunidades para marcar, mas parou em Alessandro e, depois, Michel Alves. O técnico Gaúcho, por sinal, colocou quase todos os jogadores à disposição em campo. Uma forma de estudar todas as opções que tem no atual elenco.
Antes do apito final, Pedrinho voltou a campo na vaga de Abuda. Ao apito de Marcelo de Lima Henrique, o fim. Pedrinho terminou sua trajetória no futebol de uma maneira mais alegre, assim como ele e o Vasco estão acostumados. Ao deixar o gramado, a torcida ainda suplicou novamente: "Fica, Pedrinho". E assim, um dos jogadores mais identificados com o Cruz-Maltino e participante de uma das gerações mais vitoriosas do clube se despediu do futebol. Em um domingo de sol e com São Januário em festa, como nos bons tempos.
Desta maneira, em 'casa' e diante de uma torcida que pode chamar de sua, Pedrinho escreveu o último capítulo de seu livro no futebol. Do menino Pedro Paulo do futsal ao Pedrinho do Vasco, o jogador mostrou que, apesar do apelido no diminutivo, foi um gigante
FICHA TÉCNICA
VASCO 1 X 0 AJAX
Estádio: São Januário, Rio de Janeiro (RJ)
Data/Hora: 13/1/2013 - 17h (de Brasília)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (RJ)
Auxiliares: Rodrigo Pereira Joia (RJ) e Dibert Pedrosa Moisés (RJ)
Renda/Público: R$ 181.390,00 / 5.247 pagantes
Gols: Wendel, aos 16'/1ºT (1-0)
VASCO: Alessandro (Michel Alves, aos 27/2ºT); Elsinho, Dedé (André, aos 27/2ºT), Douglas e Wendel (Dieyson, aos 14'/2ºT); Abuda (Pedrinho, aos 44'/2ºT), Jhon Cley (Guilherme, aos 27/2ºT), Carlos Alberto (Dakson, aos 23'/2ºT) e Pedrinho (Fillipe Soutto, aos 15'/2ºT); Bernardo (Romário, aos 23'/2ºT) e Thiaguinho (Marlone, aos 15'/2ºT). Técnico: Gaúcho
AJAX: Vermeer (Cillessen, no intervalo); Van Rhijn, Moisander, Veltman e Blind; Christian Poulsen, Schone, Eriksen e Sana (Babel, no intervalo); Siem de Jong e Boerrigter. Técnico: Frank de Boer ( Lancenet )
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