Quando assumiu a Casa Civil da Presidência da República, em 2002, no primeiro dia do primeiro governo Lula, o ex-presidente do PT José Dirceu desdenhara de mais de um conselho pessoal, amigo, para que enfrentasse uma eleição para presidente da Câmara dos Deputados – que ganharia. Publicamente, quem apontou para ele o caminho para o coração do Poder Executivo foi o então senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), um inimigo de classe.
Zé fez sua opção. Aos primeiros seis meses de gestão, já comandava mais de 50 grupos de trabalho. Lula ocupava os palanques. Dirceu, o governo. Conduzida à sua maneira, essa hiperatividade resultou, para ele, em efeitos colaterais que, julgados pelo Supremo Tribunal Federal, o farão cumprir uma pena de 10 anos de prisão, por formação de quadrilha e outros crimes.
Se há uma perspectiva sombria para 2013, essa é a de José Dirceu. Inevitavelmente, para quem não acredita em milagres, ele será encarcerado assim que o STF se livrar dos recursos de seus advogados. Ele já planeja como será seu comportamento na prisão, um plano de estudos e uma vida regrada.
Já se disse que, de todo poderoso no Palácio do Planalto, Dirceu conseguiu ser cassado por seu pares na Câmara dos Deputados, mostrando-se, assim, como, na ocasião, o pior político do Brasil. Jogou contra si próprio. Anulou, por voluntarismo, essencialmente, uma carreira que poderia até mesmo ser coroada com a Presidência da República. A partir de agora, mesmo no ostracismo, Dirceu certamente saberá continuar a ser notícia – mas não será mais um agente político determinante.
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