Por
Humberto Pinho da Silva
Anos há, ao ler crónica
publicada on-line, reparei que no rodapé havia enxurrada de comentários, que em
regra, primavam pela ignorância e má fé, para não dizer: falta de educação.
Apressei-me a escrever parecer
sobre a liberdade de expressão, frisando que o articulista, em democracia,
tinha o direito e até o dever, de exprimir livremente sua opinião. Cabia,
todavia, ao leitor, opinar de forma cortês, evitando palavras agressivas,
carregadas de ódio, demonstrativas de falta de maturidade e respeito.
Escusado será dizer que o
comentário não foi publicado. Provavelmente consideraram-no indesejável, por
não perfilhar a opinião dominante.
Sempre lutei pela liberdade de
expressão, pois sem ela, não pode haver democracia plena. Mas esta só subsiste,
se todos, mutuamente, se respeitarem.
Insultos, remoques grosseiros,
que se escutam na rua, em manifestações, comícios e debates políticos, são
demonstrações inequívocas da má formação cívica; indicativo que quem assim age,
não é democrata, mas ditador camuflado ou em gestação.
Povo que
não é educado, cedo ou tarde cairá em ditadura.
Recontava, meu pai, o que
ouvira a sua avó Júlia, sempre que assistia a debate político recheado de
ataques ou valadas ofensas:
Estando o Dr. Pinheiro Torres,
na Bélgica, ouvira dizer que ia haver renhido “combate” entre conhecido
conservador e convicto progressista.
Perante o espanto do jurista -
habituado a confrontos de parlamentares portugueses, na Primeira República, - o
debate terminou com afetuoso aperto de mão, e os intervenientes pareciam pedir
perdão por discordarem.
Concluía, meu pai, que sua
santa avó, lamentava que o mesmo não acontecesse em Portugal.
Discordar de pareceres, sejam
políticos, religiosos ou desportivos, em democracia, é direito inalienável; por
isso, cercear liberdade de expressão, a quem não pensa como nós, é prepotência
inaudita.
Sempre que se intimida ou se
humilha, em termos agressivos, v.g.: mentiroso, aldrabão gatuno, chulo e
quejando, dá-se machadadas mortíferas, destruidoras da democracia.
O regime democrático, não é
perfeito – Karl R. Popper, na conferência que proferida em Outubro de 1987,em
Lisboa, disse: que Winston Churchill a brincar, “que a Democracia é a pior
forma de governo – com exceção de todas as outras formas conhecidas”, - mas é o
melhor que se conhece. Infelizmente, quando o povo não tem educação, confirma o
que bem disse Jean Jacques Rousseau: Um governo tão perfeito, não convém aos
homens, mas a deuses. - “ Contrato Social”- Cap. lV
É bem verdade o que se costuma
dizer: “ Cada povo tem o governo que
merece.”
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