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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

VAMOS FALAR DE DEMOCRACIA


Por Humberto Pinho da Silva
 Anos há, ao ler crónica publicada on-line, reparei que no rodapé havia enxurrada de comentários, que em regra, primavam pela ignorância e má fé, para não dizer: falta de educação.

Apressei-me a escrever parecer sobre a liberdade de expressão, frisando que o articulista, em democracia, tinha o direito e até o dever, de exprimir livremente sua opinião. Cabia, todavia, ao leitor, opinar de forma cortês, evitando palavras agressivas, carregadas de ódio, demonstrativas de falta de maturidade e respeito.

Escusado será dizer que o comentário não foi publicado. Provavelmente consideraram-no indesejável, por não perfilhar a opinião dominante.

Sempre lutei pela liberdade de expressão, pois sem ela, não pode haver democracia plena. Mas esta só subsiste, se todos, mutuamente, se respeitarem.

Insultos, remoques grosseiros, que se escutam na rua, em manifestações, comícios e debates políticos, são demonstrações inequívocas da má formação cívica; indicativo que quem assim age, não é democrata, mas ditador camuflado ou em gestação.

Povo que não é educado, cedo ou tarde cairá em ditadura.

Recontava, meu pai, o que ouvira a sua avó Júlia, sempre que assistia a debate político recheado de ataques ou valadas ofensas:

Estando o Dr. Pinheiro Torres, na Bélgica, ouvira dizer que ia haver renhido “combate” entre conhecido conservador e convicto progressista.

Perante o espanto do jurista - habituado a confrontos de parlamentares portugueses, na Primeira República, - o debate terminou com afetuoso aperto de mão, e os intervenientes pareciam pedir perdão por discordarem.

Concluía, meu pai, que sua santa avó, lamentava que o mesmo não acontecesse em Portugal.

Discordar de pareceres, sejam políticos, religiosos ou desportivos, em democracia, é direito inalienável; por isso, cercear liberdade de expressão, a quem não pensa como nós, é prepotência inaudita.

Sempre que se intimida ou se humilha, em termos agressivos, v.g.: mentiroso, aldrabão gatuno, chulo e quejando, dá-se machadadas mortíferas, destruidoras da democracia.

O regime democrático, não é perfeito – Karl R. Popper, na conferência que proferida em Outubro de 1987,em Lisboa, disse: que Winston Churchill a brincar, “que a Democracia é a pior forma de governo – com exceção de todas as outras formas conhecidas”, - mas é o melhor que se conhece. Infelizmente, quando o povo não tem educação, confirma o que bem disse Jean Jacques Rousseau: Um governo tão perfeito, não convém aos homens, mas a deuses. - “ Contrato Social”- Cap. lV
É bem verdade o que se costuma dizer: “ Cada povo tem o governo que merece.”

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