Por
Humberto Pinho da Silva
O célebre Bispo de Nova Iorque,
Fulton Sheen, recomendava: “ Livros, revistas, jornais - são como inúmeras
pessoas que encontramos nos carros elétricos, nos cinemas, nas feiras e nas
festas mundanas. Como é evidentemente impossível travar relações com essa gente
toda, procedemos a uma seleção.” -“ Os Problemas da Vida”
Se é mister selecionar amigos
é, igualmente necessário, escolher na multidão que enxameia os escaparates do
livreiro, obras que, pelo conteúdo e valor literário, servem para a formação,
não só moral, mas também intelectual.
Muitas vezes o livro que agrada
na juventude, não é apreciado em idade adulta. Gostos, interesses, alteram-se,
consoante, idade, educação e desenvolvimento intelectual.
Nem sempre os mestres de
literatura, pelo facto de o serem, devem ser lidos.
Platão, avisa na “República”-
Livro lll:
“ Pediremos a Homero e aos
outros poetas que não levem a mal que apaguemos estas passagens, e todas do
mesmo género” - e explica a razão, - “ não porque lhes falte poesia e não soem
aos ouvidos da maioria; mas quanto mais poética são menos convêm deixar que
sejam ouvidas por crianças e homens.”
O bom escritor, pode ser mau
conselheiro. Ninguém se encontra imune. Não é verdade que Cervantes declara que
Don Quixote, por ler muitos livros de cavalaria “ se enfracó tanto en su
lectura, que se le pasabom las noches leyendo de claro en claro, y los dias de
turbio em turbio.”
“Del
poco dormir y del mucho leer se le secó el cerebro de manera que vino a perder
el juicio.”
Perderam, também, o juízo, os
pais, que inadvertidamente, metem nas mãos dos filhos, livros malsãos, por
estarem na moda e terem sido premiados, sabe Deus como, e porquê.
É que o livro tanto pode
perturbar a mente, como modificar o carácter. Santo Agostinho, após ler obra de
Cícero, converteu-se ao cristianismo ao analisar textos de S. Paulo.
Há livros que elevam. Há livros
que podem ser manuseados desde a infância. Há livros que formam e informam; e
há livros que melhor fora não terem saído do prelo.
Durante anos, meu pai, que era
jornalista, foi adquirindo imensa biblioteca, livros que, segundo confessava,
raras vezes os lia.
Comprara-os,
seduzido pelo nome do autor e opinião da crítica.
No andar dos anos, amadureceu.
Escolheu na “floresta”, duas dúzias de “ amigos mudos”, como dizia Padre Manuel
Bernardes, e lia-os e relia-os; e sempre que os abria, encontrava, segundo
afirmava, pensamentos, frases, pareceres, que lhe tinham escapado.
Peneirar o trigo da ervilhaca,
limpar o grão que vai para a eira, não é fácil; por isso é que professor
responsável ou sacerdote culto, pelo menos na adolescência, devem ser
consultados, se não se quiser andar à deriva, comprando obras, que em vez de
instruírem e formarem, pervertem a alma e cavam perniciosas marcas, que podem
durar uma vida.
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