A greve dos servidores públicos, que ontem se estendia pela Receita Federal, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Agricultura, não teve ainda grande impacto na economia, mas preocupa alguns setores. Já chega a US$ 2,5 bilhões o valor dos produtos que aguardam liberação nos portos do País. No aeroporto de Guarulhos, o terminal de cargas refrigeradas não tem capacidade para receber novas cargas.
O presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros do Estado de São Paulo (Sindasp), Valdir Santos, adverte que, no Porto de Santos, a saída tem sido acionar a Justiça para liberar as mercadorias: "Hoje há mais de 180 mandados de segurança. E o número tende a aumentar".
"A situação não é alarmante, mas em dez dias começaremos a ter problemas sérios", resume Nelson Mussolini, do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos, sobre o setor de medicamentos. No setor de carne, a greve interrompeu a emissão de certificados sanitários para embarque de produtos. Segundo o setor exportador, nenhum certificado foi emitido ontem, nos portos de todo o País, e apenas 30% do habitual nos frigoríficos. "Não há frigorífico parado, e o abate vem ocorrendo. Mas as câmaras de armazenamento estão ficando cheias e em mais alguns dias os frigoríficos podem parar", avisa o presidente da Abipecs, Pedro de Camargo Neto.
Os fiscais agropecuários reivindicam, no movimento, aumento salarial e a contratação de mais servidores. Em Santa Catarina, o setor de alimentos calcula que, se a greve prosseguir, o fornecimento interno poderá ser interrompido ou reduzido. "Já tem empresa guardando os produtos em caminhões. Algumas empresas vão parar amanhã ou sábado", diz Clever Ávila, do Sindicato de Carnes do Estado.
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