Foto: Bernardo Soares/JC Imagem
Eles estão sempre por aí. Aos montes e, invariavelmente, na companhia de um tubo de cola e dos efeitos mais visíveis do crack sob o corpo. Você pode não notá-los. Por pressa, desatenção ou até conveniência. Mas eles continuam por aí. Numa circulada pelos bairros da área central do Recife, é fácil descobri-los e enxergá-los. Não precisa procurar muito. Eles se escondem à beira do mangue. E buscam abrigo nos espaços públicos, como a família da foto, instalada na Praça das Cinco Pontas. A cabeça da mulher descansando no colo do companheiro que, mesmo desorientado pela droga, não descuida da criança. Um retrato em família, nas cores da miséria.
De acordo com dados da prefeitura, atualmente há cerca de 1.500 pessoas em situação de rua na cidade. A esmagadora maioria perambula pelo Centro ou por Boa Viagem, na Zona Sul. Abrigadas embaixo de marquises e em logradouros. O Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc) sustenta que cerca de 70% têm casa. Mas preferem a mendicância imposta pela dependência química.
Na Praça Frei Caneca, no bairro de São José, seis meninos cheiravam cola enquanto brincavam, na tarde da última quarta-feira. De vez em quando, a diversão descambava para um princípio de briga. Bastava um garoto tentar pegar a garrafa do outro.
A Avenida Arthur Lima Cavalcanti, em Santo Amaro, continuação da Rua da Aurora, faz a ligação com a Avenida Cruz Cabugá. E, há anos, funciona como um ponto de prostituição, tráfico e consumo de crack. O local atrai cada vez mais jovens. São meninas e travestis em busca de qualquer dinheiro para matar a fissura de fumar crack. Não raro, carros particulares e táxis encostam e ligam o alerta. É o sinal para mais um programa e a garantia de algumas pedras no cachimbo ou na lata. Na grande maioria dos casos, a relação é consumada dentro do mangue. Em pé ou em dois colchões velhos dispostos à sombra de uma árvore.
No sentido oposto da mesma avenida, a alguns metros de distância, é fácil ver uma viatura do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar parada e policiais abordando motoristas, enquanto os dependentes atravessam a via para um lado e outro.
O poder público até tenta, mas nem sempre vence a dependência química, quando esta se associa à miséria. Na última quarta-feira, uma equipe da assistência social do governo e da prefeitura foi ao local. Seis educadores entraram no mangue para conversar com os usuários e convencê-los a buscar tratamento. Após alguns minutos, todos se espremeram num Gol e partiram para outra abordagem de rua, evidenciando a falta de infraestrutura adequada para quem tem o desafio de tirar os indigentes da lama e do vício. De resultado prático e imediato de um trabalho de aproximação que já dura cinco meses, os educadores conseguiram apenas distribuir preservativos.
CENTROS - Lançado pelo governo em outubro do ano passado, o Programa Ação Integral aos Usuários de Drogas (Atitude) prevê a construção em Pernambuco de 31 casas de passagem, para acolher e dar segurança ao dependente químico. Segundo o gerente de Proteção Especial de Alta Complexidade, Rafael West, dez já estão em pleno funcionamento. E, de acordo com o cronograma, outros dez serão erguidos este ano. "O plano foi pensado para ser todo desenvolvido até 2015. Até lá, estaremos com os 31 centros funcionando", afirmou. Por Jorge Cavalcanti / JC online
De acordo com dados da prefeitura, atualmente há cerca de 1.500 pessoas em situação de rua na cidade. A esmagadora maioria perambula pelo Centro ou por Boa Viagem, na Zona Sul. Abrigadas embaixo de marquises e em logradouros. O Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc) sustenta que cerca de 70% têm casa. Mas preferem a mendicância imposta pela dependência química.
Na Praça Frei Caneca, no bairro de São José, seis meninos cheiravam cola enquanto brincavam, na tarde da última quarta-feira. De vez em quando, a diversão descambava para um princípio de briga. Bastava um garoto tentar pegar a garrafa do outro.
A Avenida Arthur Lima Cavalcanti, em Santo Amaro, continuação da Rua da Aurora, faz a ligação com a Avenida Cruz Cabugá. E, há anos, funciona como um ponto de prostituição, tráfico e consumo de crack. O local atrai cada vez mais jovens. São meninas e travestis em busca de qualquer dinheiro para matar a fissura de fumar crack. Não raro, carros particulares e táxis encostam e ligam o alerta. É o sinal para mais um programa e a garantia de algumas pedras no cachimbo ou na lata. Na grande maioria dos casos, a relação é consumada dentro do mangue. Em pé ou em dois colchões velhos dispostos à sombra de uma árvore.
No sentido oposto da mesma avenida, a alguns metros de distância, é fácil ver uma viatura do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar parada e policiais abordando motoristas, enquanto os dependentes atravessam a via para um lado e outro.
O poder público até tenta, mas nem sempre vence a dependência química, quando esta se associa à miséria. Na última quarta-feira, uma equipe da assistência social do governo e da prefeitura foi ao local. Seis educadores entraram no mangue para conversar com os usuários e convencê-los a buscar tratamento. Após alguns minutos, todos se espremeram num Gol e partiram para outra abordagem de rua, evidenciando a falta de infraestrutura adequada para quem tem o desafio de tirar os indigentes da lama e do vício. De resultado prático e imediato de um trabalho de aproximação que já dura cinco meses, os educadores conseguiram apenas distribuir preservativos.
CENTROS - Lançado pelo governo em outubro do ano passado, o Programa Ação Integral aos Usuários de Drogas (Atitude) prevê a construção em Pernambuco de 31 casas de passagem, para acolher e dar segurança ao dependente químico. Segundo o gerente de Proteção Especial de Alta Complexidade, Rafael West, dez já estão em pleno funcionamento. E, de acordo com o cronograma, outros dez serão erguidos este ano. "O plano foi pensado para ser todo desenvolvido até 2015. Até lá, estaremos com os 31 centros funcionando", afirmou. Por Jorge Cavalcanti / JC online
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