Ao menos sete universidades privadas obtiveram recomendação do órgão consultivo do Ministério da Educação para que recebam de volta vagas de cursos de medicina cortadas pelo governo por má qualidade de ensino.
As instituições passaram a ser supervisionadas após receberem avaliação negativa no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) aplicado em 2007.
Juntas, elas possuíam autorização para oferecer 700 vagas por ano, mas o ministério cortou 300 delas (43%) para tentar melhorar o ensino.
Agora, o Conselho Nacional de Educação entende que já houve melhora nas escolas e que, por isso, elas deveriam retomar o número de vagas.
A maioria obteve notas mais altas no Enade de 2010 --duas, no entanto, ficaram com notas insatisfatórias.
A retomada das vagas autorizadas ainda será analisada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Duas das universidades que receberam decisão favorável do conselho são a Universidade de Marília (SP) e a Severino Sombra (RJ).
Segundo levantamento feito pela Folha nas decisões do conselho, sete cursos foram avaliados pelo órgão entre 2011 e 2012 --seis cursos tiveram aceitos totalmente os pedidos de suspensão da punição, e um, parcialmente.
Os pareceres do conselho foram criticados em artigo publicado ontem na Folha pelo médico Adib Jatene, que presidiu comissão que assessorou a avaliação inicial do Ministério da Educação.
Para Jatene, a decisão do conselho desconsiderou o trabalho da comissão, "que levou mais de dois anos para ser executado --sem nem sequer dar uma oportunidade" para que se manifestasse.
O médico afirmou também que "ainda há gente que acredita, mesmo com as instituições atuais e com os conselhos suscetíveis a pressões, ser possível avançar".
O Conselho Nacional de Educação é formado por pessoas nomeadas pelo ministro da Educação, a partir de indicações de organizações, geralmente educacionais.
Membro do conselho, Milton Linhares disse que as decisões foram técnicas e consideraram especialmente os resultados do último Enade.
A Universidade de Marília, por exemplo, passou de nota 2 (reprovada) para 3 (mínimo esperado).
"Isso mostra que elas melhoraram. Por que manter a redução? O corte não foi tomado para ser eterno."
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