Por Humberto Pinho da Silva
Estava a tomar o pequeno-almoço, quando ouvi, na RR, dizer: " São centenas os doentes de alta clínica, nos hospitais, porque não têm para onde ir."
Uns, não conseguem lugar em lares e asilos; outros, não possuem recurso para pagar a estadia; e ainda outros, as famílias não os querem.
Admira-me que no século XXI, na Europa, os idosos ainda continuem a ser problema para a sociedade, e estorvos para a família.
Se outrora a lamentável situação, acontecia, geralmente aos pobres, agora a própria classe media, luta com dificuldade, para entrar num lar.
Quando falo de lares, estou a pensar em casas de acolhimento, de condições mínimas, e não " armazéns", onde os velhos são lançados, porque ninguém os quer.
Anos há, amigo meu, convidou-me para acompanha-lo a lar ode estava a sogra.
Entramos numa sala sombria, onde alquebradas mulheres, permaneciam sentadas, de mantinha sobre os joelhos, olhando vagamente a TV. No ar pairava enjoativo odor pestilento.
Umas dormitavam, de olhos semicerrados; outras cantavam dolentes canções, em suave sussurro; outras gemiam... Soltando suspirados ais... Sai horrorizado, a pensar o que nos aguarda, quando chegarem os achaques da velhice
Por que não se adapta, quartéis vazios, em lares decentes, onde haja privacidade, e amor ao ente humano?
Havia na minha cidade falta de alojamento para estudantes universitários: quartéis e casarões, transformaram se, num ápice, para os receberem decentemente.
Mas quem pensa nos pobres, na classe média, nos aposentados, que sobrevivem de pensões a degradarem-se e os preços a subirem?
Não admira que os jovens busquem ansiosamente moças, com bons empregos...Dois salários sempre é melhor que um. Mas quem tem que sustentar a família, só com uma pensão?
É natural, que muitos continuem a emigrarem, para garantirem velhice mais confortável.
Basta visitar as nossas aldeias para verificar que valeu a pena partirem, para receberem pensões, no final da vida, que lhes permita velhice desafogada.
Infelizmente nem todos têm sorte…