Por Vera Rosa | Estadão Conteúdo - Sob pressão dos adversários e até de integrantes da base aliada, que agem nos bastidores para abreviar o seu mandato, a presidente Dilma Rousseff vive os momentos de maior solidão no poder. O governo conta com as duas semanas de recesso no Congresso, a partir do dia 18, para esfriar a crise política, mas até agora não há acordo sobre os passos a seguir.
Nos últimos dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a chamar ministros, nomes de peso do PT e representantes de movimentos sociais para conversas reservadas, em São Paulo. Preocupado com o impacto da Operação Lava Jato, com as novas medidas impopulares que serão tomadas e com os efeitos recessivos do ajuste fiscal, Lula avalia que, se Dilma não começar a percorrer o País e a divulgar notícias boas, os problemas vão se agravar.
"Eu não tenho argumentos para defender o governo", disse o ex-presidente. "Mas não podemos aceitar a pecha de corrupção que querem pôr na nossa testa nem ficar só na agenda do ajuste fiscal. Nós precisamos ter gente fazendo o debate político."
Lula conversou com o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, que tenta reaproximá-lo de Dilma, com o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, e com o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, todos do PT. Ouviu receitas sobre o que fazer para Dilma, o partido e ele próprio saírem do "volume morto".