Dois anos depois de obter 20 milhões de votos na disputa pela Presidência da República e, na sequência, deixar o PV, Marina Silva participou de forma periférica de algumas campanhas municipais e ainda não tem rumo definido para as próximas eleições. Ela não sabe se quer ser apenas uma personalidade da sociedade civil ou voltar à política partidária, disputando as eleições de 2014.
Depois de chegar em terceiro lugar na disputa de 2010, a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula lançou o “Movimento por uma Nova Política”, suprapartidário e embrião para a formação de um novo partido. Pessoas próximas a ela, no entanto, estão descrentes e cada vez mais desmobilizadas. Afirmam que a ex-senadora não tem mostrado apetite e nem teria perfil para viabilizar a legenda. A própria Marina expõe dificuldades.
— Isso está em discussão, as pessoas estão pressionando, mas tenho muita dúvida quanto a esse desfecho. Um partido não se faz só em função de eleição, e sim de um projeto, e só tem sentido se esse projeto estiver à altura dos desafios do século 21 — afirmou Marina ao GLOBO. — Quando digo que não sei, é porque não sei. Quero ver onde minha contribuição pode ser mais efetiva.
Marina passou primeiro pelo PT, depois pelo PV, e agora pensa em fundar um novo partido enquanto critica os já existentes e os trata com desprezo. Seu desafio é não só viabilizar uma nova sigla, mas garantir sua sobrevivência à margem do modelo político que tanto ataca.
— Há uma borda que está se descolando desse núcleo estagnado do poder pelo poder, do dinheiro pelo dinheiro, focado somente no presente, nas agendas imediatistas que pautaram a discussão do Código Florestal e do dinheiro do pré-sal. Precisamos de políticas de longo prazo — diz Marina.
Um outro obstáculo é o projeto de lei em tramitação no Congresso que impede que novos partidos tenham acesso pleno ao dinheiro do fundo partidário e ao tempo na propaganda eleitoral de rádio e TV, antes de disputarem uma eleição.
A proposta foi apresentada depois que os partidos perderam dinheiro e tempo de propaganda para o PSD do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que conquistou o direito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Marina tem pesado as dificuldades de reunir assinaturas necessárias para a criação de um novo partido, os trâmites burocráticos e quem embarcaria com ela nessa empreitada. Ela andou conversando com a vereadora Heloísa Helena (PSOL-AL), sua amiga; com o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP); e com os deputados federais Reguffe (PDT-DF) e Alessandro Molon (PT-RJ).