Michelle Roberts*Editora de Saúde do site da BBC*Thinkstock
Estudo foi feito com 436 pacientes que tinham melanomas inoperáveis
Uma versão geneticamente modificada do vírus que causa herpes pode curar câncer de
pele, de acordo com pesquisadores.
O vírus da herpes modificado é inofensivo para células normais, mas, quando injetado em tumores, se replica e libera substâncias que ajudam a combater o câncer.
Resultados de testes divulgados na publicação científica "Journal of Clinical Oncology" mostram que a terapia pode aumentar a sobrevivência dos pacientes por anos -- mas apenas para alguns portadores de melanoma, o tipo mais grave de câncer de pele.
O tratamento ainda não foi licenciado.
"Quando o vírus da herpes infecta uma célula, ele cresce dentro dela e a faz explodir, infectando as células ao redor. Por isso a ferida, são as células morrendo na sua pele", explica Richard Marais, do Cancer Research UK.
"Eles modificaram o vírus de três maneiras. Primeiro, fizeram com que parasse de causar herpes. Segundo, fizeram com que crescesse apenas nas células cancerígenas. Por último, fizeram ele ser atraente para o sistema imunológico. Por isso, quando injetado em um tumor, ele mata o tumor e ativa o sistema imunológico, que caça outros tumores para matá-los", conclui.
Para ele, a técnica poderá ser usada, no futuro, para combater outros tipos de câncer.
Tratamentos semelhantes de imunoterapia para melanoma já estão disponíveis nos Estados Unidos e na Europa, mas os pesquisadores acreditam que o vírus modificado, conhecido como T-Vec, poderia se somar a isso.
Seria também o primeiro tratamento para melanoma que usa um vírus.
O estudo é o maior teste aleatório de um vírus anticâncer e envolveu 436 pacientes de 64 centros nos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e África do Sul que tinham melanomas malignos inoperáveis.
"Há um crescente entusiasmo com o uso de tratamentos virais como T-Vec para o câncer, porque eles podem lançar um ataque duplo nos tumores -- matando células cancerígenas diretamente e colocando o sistema imunológico contra elas", diz o coordenador dos testes no Reino Unido, Kevin Harrington, do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres.
"E, como o tratamento viral pode ter como alvo células cancerígenas especificamente, há uma tendência a ter menos efeitos colaterais que a quimioterapia tradicional ou algumas das novas imunoterapias."
Mais pesquisa
"Estudos anteriores mostraram que o T-Vec poderia beneficiar algumas pessoas com câncer de pele avançado, mas este é o primeiro estudo a provar um aumento de sobrevivência", disse Hayley Frend, gerente de ciência da informação do Cancer Research UK.