O “totalitarismo religioso”, para usar as palavras do escritor Salman Rusdhie, não pode achar que o mundo está se curvando a ele
Sandro Vaia
“Estamos em guerra. Até o pescoço. O Exército Islâmico é o novo nazismo. Quer dominar o mundo, como quando eu era pequeno e vivia sob bombardeio”.
Umberto Eco, autor da frase, é escritor (“O nome da Rosa”) e semiólogo- aquele que estuda a palavra e suas significações.
Ele não se preocupou em bordar ou suavizar as palavras com que definiu o massacre de Paris, aquele em que dois psicopatas invadiram a redação do Charlie Hebdo, um jornal satírico, e mataram doze pessoas-entre as quais quatro cartunistas tidos como geniais- a rajadas de suas kalishnikovs e aos gritos de que o profeta Maomé estava vingado.
Milhares de pessoas foram às ruas, em Paris e em outras cidades europeias, em solidariedade aos jornalistas mortos e empunhando cartazes que diziam “Je suis Charlie” – todo mundo virou Charlie, e as praças se encheram em defesa da liberdade-porque é disso que se trata.