Vitor Guerras
A descoberta dos arqueólogos brasileiros sobre os animais gigantes pode chacoalhar a arqueologia
- Foto: Divulgação e paleoarte de Guilherme Gher
Uma descoberta surpreendente pode mudar o que sabemos sobre a Era do Gelo. Arqueólogos do Brasil encontraram no Ceará e no Mato Grosso do Sul fósseis de animais gigantes! do SóNotíciaBoa
Os bichos podem ter vivido até 3.500 anos atrás, muito tempo depois do término desse período geológico. Entre as espécies encontradas estão paleolamas e Xenorhinotherium, animais que coexistiram com os povos originários.
A descoberta sugere que o Brasil foi um dos últimos refúgios dessas criaturas gigantes. “O passado do Brasil segue, em sua maior parte, desconhecido. Abrimos uma janela no tempo.”, disse Ismar de Souza Carvalho, um dos autores do estudo e professor titular de paleontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista ao O Globo.
Refúgio para gigantes
Os achados, revelados no dia 24, vieram de dois locais: Itapipoca, Ceará, e Rio Miranda, Mato Grosso do Sul.
Nessas regiões, o grupo identificou espécies como o Xenorhinotherium bahiense, também conhecido como “besta do nariz estranho”, e preguiças-gigantes.
Esses animais viveram entre 3.500 e 7.900 anos, uma época bem posterior ao fim oficial da Era do Gelo, que a geologia define como 11,7 mil anos.
Além disso, em Itapipoca, os pesquisadores identificaram um poço natural. Lá, os animais iam beber água e acabavam morrendo. Com o tempo, seus corpos se transformaram em uma verdadeira viagem na história.
As datações por carbono foram realizadas no Laboratório de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Imagens mostram a reconstrução paleoambiental do Sítio Paleontológico do Jiurau. – Foto: Paleoarte de Julia d’Oliveira
Uma das revelações mais emocionantes do estudo é a prova de que humanos pré-históricos conviveram com animais gigantes.
Pinturas rupestres em locais como o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, retratam paleolamas, mastodontes e outros bichos hoje já extintos.
“O passado do Brasil é incrivelmente inexplorado. Há muito ainda o que conhecer. O que parece polêmico agora, pode ser mostrar a regra à medida que mais pesquisas forem realizadas”, explicou Fábio Cortes, da UFRJ.
Fim dos gigantes
Um dente de paleolhama estava entre os achados do grupo. – Foto: Celso Ximenes
Mesmo durante a Era do Gelo, o Brasil não foi coberto pelo gelo como outras regiões.
Todavia, o clima era frio. Quando o planeta começou a aquecer, o Cerrado, que antes ocupava uma grande área, foi perdendo espaço para florestas úmidas.
“Não foi um evento catastrófico, mas um lento declínio, à medida que clima e ambiente também se transformaram. Eles [os animais] devem ter convivido e sido caçados por povos originários, mas não ao ponto de extinção. O que selou seu destino foi, provavelmente, a perda de habitat em função da mudança do clima”, disse Fábio.
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