Por José Marques | Folhapress
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Um dos presos na fase da Operação Última Milha desta quinta-feira (11) era o responsável, segundo a Polícia Federal, a difundir informações produzidas pela chamada "Abin paralela" nas redes sociais.
Richards Dyer Pozzer teve a prisão preventiva (sem tempo determinado) decretada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A reportagem não localizou a defesa dele.
De acordo com a PF, Pozzer publicava as informações em um perfil do antigo Twitter (atual X) que tinha o seu nome e também em outras páginas e grupos acessados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Giancarlo Gomes Rodrigues, um dos integrantes da Abin paralela também preso nesta quinta, disse ter sido o responsável por encaminhar informações contra o grupo Sleeping Giants a Pozzer (em mensagem acessada pela Polícia, ele diz: "kkkk fui eu que passei pra ele").
Giancarlo é sargento do Exército e, à época, estava emprestado para prestar serviços à Abin. A reportagem também não localizou sua defesa. Já o Sleeping Giants ficou conhecido por fazer campanhas de desmonetização de perfis que espalham fake news.
"A difusão de informações produzidas pela estrutura paralela da Abin por meio do perfil 'Richard Pozzer' (sic) era tarefa do núcleo de servidores responsáveis pelas ações clandestinas", disse a PF, no relatório que fundamenta os pedidos de prisão.
"O produto das ações clandestinas era encaminhado para o vetor de propagação cooptado conforme se depreende da interlocução do sr. Giancarlo indicando que estava alimentando o perfil 'rootpozzer'", afirma a corporação.
Na avaliação da PF, a difusão de desinformação a partir de outras pessoas é um "estratagema para dificultar a vinculação da produção ilícita de desinformação com os beneficiários destas".
Eles citam que, nas conversas, os integrantes da Abin paralela mencionam que Pozzer "está marcando o CB [Carlos Bolsonaro] em todas [as publicações]".
Segundo a PF, Pozzer também distribuía conteúdo de desinformação oriundo do chamado "gabinete do ódio" que atuava na Presidência da República. Um desses servidores também foi preso nesta quinta.
Ainda de acordo com a polícia, "Pozzer teria declarado que tinha uma 'linha direta' com o então presidente da República Jair Messias Bolsonaro para encaminhar dossiês".
A investigação da Polícia Federal que deflagrou a operação desta quinta afirma que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) monitorou de forma ilegal no governo Jair Bolsonaro, ministros do STF, congressistas e jornalistas.
A PF prendeu agentes que trabalhavam diretamente para Alexandre Ramagem, atual deputado federal, pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro e ligado ao vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que também é investigado.
Policiais federais cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF, em Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo.
No final da manhã, o relator da investigação, o ministro Alexandre de Moraes, levantou o sigilo da decisão em que as medidas foram determinadas.
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