Por Vitor Guerra / SNB
A primeira Promotora de Justiça quilombola do país é comprometida com a igualdade e justiça social
Foto: Arquivo pessoal
Determinação, resiliência e força, essas são as palavras que movem a vida de Karoline Bezerra Maia, a mulher que fez história e se tornou a primeira Promotora de Justiça Quilombola do país. Com informações de Associação Brasileira de Pesquisadores Negros
Pioneira da família a ingressar e concluir a faculdade, Karoline nasceu na comunidade quilombola de Jataí, em Monção, Maranhão. A paixão pelo direito a fez enfrentar todas as dificuldades que a vida colocou na frente, e, depois de tempos, colher os frutos.
Para alcançar o feito, ela equilibrava entre o trabalho em um escritório de advocacia e os estudos para a preparação para um concurso público. “Que eu seja a primeira de outras que virão e seja um instrumento de transformação social”, disse a promotora.
Dificuldades da vida
Filha de pais analfabetos, Karoline sabia que a educação poderia fazer a família mudar de vida.
Mesmo com muitas dificuldades, os pais da jovem promotora sempre investiram bastante na educação da filha, que é a caçula entre seis irmãos. Ela foi superando, obstáculo por obstáculo, até se tornar um grande nome do Direito no país.
Para Karoline, a maior motivação que teve todo esse tempo foi a vontade de garantir a igualdade e justiça social para os que vivem em situação de vulnerabilidade.
Estudo e trabalho
Karoline disse que quer ser um exemplo para outras que virão. Foto: Arquivo pessoal
Quando, em plena pandemia de covid-19, Erozino Boaventura Maia, pai de Karoline, faleceu no hospital depois de uma crise de diverticulite, ele a fez prometer uma coisa: que seguiria com os estudos.
O momento foi difícil, mas ela concentrou toda a gana que sobrava na profissão de “concurseira”.
Karoline tinha que se dividir em duas jornadas. Trabalhava em um escritório de advocacia e estudava para concursos públicos.
Ela ainda contou com a ajuda do Projeto Identidade da ANPR, a Associação Nacional dos Procuradores da República, que selecionou cem estudantes no Brasil e os financiou com um valor de R$ 2,5 mil por mês.
E a jovem fez história em cima da própria história.
Passou no concurso do Ministério Público do Pará, e se tornou a primeira Quilombola a ser promotora do país.
Agora, quer ser exemplo para que muitos outros não desistam, mesmo com todas as adversidades.
“Essa nomeação não apenas reconhece sua competência profissional, mas também representa um avanço significativo na representatividade e na inclusão dentro do sistema jurídico brasileiro”, disse a ABPN em comunicado.
Defensora incansável
Agora, como Promotora, Karoline vai influenciar positivamente políticas e práticas que ajudem a garantir uma justiça como ela mesmo defende, acessível e justa.
Durante o tempo que ficou no escritório, ela se dedicava a defender os direitos das comunidades quilombolas.
Além disso, sempre lutava contra a discrminação e a injustiça no país.
Nos processos em que atuou, Karoline era sempre se colocava na linha de frente e ficou bastante conhecida por ser uma defensora incansável dos direitos humanos.
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