Com informações de Globo Repórter
Brenno é um dos brasileiros que melhoraram após o uso da cannabis medicinal
Por Vitor Guerra / sonoticiaboa
Foto: Globo Repórter
O uso do canabidiol em tratamento contra diversas condições e doenças já é uma realidade e esses brasileiros melhoraram muito depois do uso da cannabis.
A ciência já apresentou diversos benefícios do canabidiol para tratar quadros como epilepsia, esquizofrenia, doença de Parkinson, Alzheimer e muito mais. A pedagoga Flávia da Conceição Gregório, é uma das que sentiu isso de perto. Mãe de Brenno, um autista de 18 anos, ela viu o filho, que antes era agressivo, conquistar a autonomia.
“”Eu posso dizer para você sem medo de errar, ele está 90% melhor do que ele era”, contou ao Globo Repórter. No Brasil, o tratamento com a substância foi liberado pela Anvisa para 12 tipos de doenças, mas o medicamento precisa ser importado.
O que é?
O canabidiol é um composto da maconha e tem sido usado para fins médicos.
A substância é extraída da planta e possui um efeito ansiolítico, que não causa dependência e pode trazer uma série de benefícios.
Uma pesquisa realizada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em parceria com a Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, ambas da USP, mostrou como a droga pode ser efetiva para tratar a fobia social.
Resultados da pesquisa
A pesquisa selecionou 24 alunos de graduação e pós-graduação, que apresentavam fobia social, formando dois grupos.
Eles tiveram que preparar um discurso, de quatro minutos, para ser lido diante de uma câmera no momento em que viam sua própria imagem na televisão.
Aqueles que receberam o canabidiol, tiveram um desempenho bem melhor. Além de uma redução na ansiedade, eles estavam bem mais confiantes.
Ficou menos agressivo
A pedagoga Flávia só tem a agradecer desde que conheceu a planta como uso medicinal.
Ela chegou a presenciar várias crises do filho, que é autista. “Ele me agredia fisicamente, era muito agredida. Isso me machucava e machucava ele também. Naquele momento, ele não tinha controle da própria emoção, não sabia o que estava fazendo”, lembrou.
Além do tratamento com os medicamentos à base de cannabis, Brenno é acompanhado por um psiquiatra e também faz uso de medicações convencionais. Os resultados vieram rapidamente.
“Eu posso dizer para você sem medo de errar, ele está 90% melhor do que ele era […] Eu comecei a dar mais autonomia. Ele vai para a escola sozinho, vai para a academia sozinho. Acho que as pessoas precisam de conhecimento. As pessoas às vezes têm muito medo do novo”, contou a pedagoga.
Tinha 60 crises de epilepsia
Os pais de Nicolas, assim como a pedagoga Flávia, também viram de perto os benefícios que o uso do canabidiol pode trazer.
O filho deles, Nicolas, tem microcefalia, paralisia cerebral e epilepsia. A primeira crise foi ainda quando o pequeno tinha três meses.
“Ele tinha umas 60 crises por dia”, contou Camila Figueiredo, a mãe.
O garoto vivia em estado vegetativo, não comia e nem se movimentava. No início, os pais tiveram dificuldade para conseguir o medicamento, mas foi um pediatra que explicou a dose certa para Nicolas.
Agora, quem vê o menino, não acredita que é o mesmo Nicolas que antes tinha 60 crises de epilepsia por dia.
“Ele começou a mostrar um outro lado do Nicolas que a gente não conhecia, que ele corre, ele dá risada, ele vê as pessoas […] Hoje ele tem autonomia dentro de casa, que e´um lugar que se sente mais confiantes
Sentou pela primeira vez
Entre as diversas histórias daqueles que mudaram de vida com o medicamento, estão a de Analu, uma menina diagnosticada com epilepsia e hidrocefalia ao deixar a maternidade.
Aos oito meses, as convulsões da garotinha pioraram e o cenário era triste. “Ela ficava molinha, ela estourava os ouvidos, ela só dormia, tudo o que ela aprendia ela desaprendeu, ela não estava conseguindo se alimentar mais”, lembrou a mãe, Grasy Silva.
Analu chegou a tomar 12 remédios, mas os efeitos não pareciam promissores.
Grasy ficou sabendo então da existência do óleo de cannabis, e sem condições para pagar, ela recebe o medicamento gratuitamente.
Depois do uso, as convulsões de Analu ficaram no passado. A ida recente à praia, veio para selar o que parece ser uma nova vida. No local, ela conseguiu se sentar pela primeira vez.
“Sozinha, sem ajuda de ninguém […] ela sorri, ela brinca, ela está aproveitando a vida da forma que tem que ser aproveitaa”, contou Grasy.
Tratamento coadjuvante
Segundo o neurologista Edilberto Fernandes, o tratamento com esse novo tipo de medicamento não é curativo.
Para ele, o canabidiol não deve substituir outros tipos de tratamento e tem que ser usado com o auxílio de outros métodos.
“O canabidiol, o óleo da cannabis não é um milagre. Não é a cura de uma doença. Ele vem nos auxiliar. Ele é um coadjuvante de um tratamento total”, ressaltou.
Em 2015 a Anvisa regulamentou a importação e exportação de produtos derivados à base de canabinoides.
Todavia, a produção no país não foi liberada, o que faz com que o canabidiol usado no Brasil seja importado. Isso encarece o medicamento e dificuldata, principalmente o acesso de pessoas de baixa renda.
Nesse contexto, decisões judiciais têm permitido algumas farmacêuticas a produzir o medicamento em solo brasileiro.
É o caso da decisão do juiz federal Peter de Paula Pires, da 5ª Vara Federal de Ribeirão Preto, São Paulo, em dezembro de 2023.
O magistrado autorizou uma farmácia de manipulação a fabricar no Brasil produtos à base da planta cannabis, desde que estes tenham comercialização autorizada pela Anvisa.
A decisão do juiz se baseou em, já que a comercialização e a importação dos produtos derivados é liberada, não faz sentido produzir a produção por farmácias de manipulação no país.
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