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domingo, 24 de dezembro de 2023

Líder Pataxó é o 4º indígena assassinado em um ano no sul da Bahia

A situação na região é tão tensa, que fazendeiros chegam a sugerir ameaças em programas de rádio e na internet
Líder Pataxó é 4º indígena assassinado em um ano no sul da Bahia
Região vive conflito entre fazendeiros e indígenas. Policiais militares já foram presos por suspeita de envolvimento com homicídios
Thalys Alcântara / Foto: Divulgação/Aldeia Pataxó Hã-Hã-Hãe
A morte da liderança indígena Lucas Kariri-Sapuyá, de 31 anos, em Pau Brasil (BA) na quinta-feira (21), é o quarto assassinato de indígenas Pataxó na região sul da Bahia em pouco mais de um ano.

Na localidade vive-se um cenário de conflito por terras envolvendo indígenas da etnia Pataxó e fazendeiros, conforme o Metrópoles. Lucas era dirigente estadual da Rede Sustentabilidade (Rede) e pré-candidato a prefeito na região e foi morto em uma emboscada por dois homens encapuzados.

Lucas, que era do povo Pataxó Hã-hãe-hãe, estava em uma motocicleta com o filho na garupa, no momento do crime.

Soma-se à morte dele a dos jovens Samuel Cristiano, de 21 anos, e Nawir Brito, de 16, que foram baleados em 17 de janeiro deste ano, quando seguiam de motocicleta na rodovia BR-101, em Itabela (BA).

Meses antes, na madrugada de 4 de setembro de 2022, o adolescente Gustavo Silva da Conceição, de 14 anos, foi assassinado com um tiro na nuca em Prado (BA).

Conforme a reportagem, militares chegaram a ser presos em duas operações policiais. Um deles, o soldado Laércio Maia, era suspeito de ter matado Samuel e Nawir enquanto trabalhava de segurança privada para fazendeiros. A violência na região é investigada em um inquérito da Polícia Federal.

Ameaças e conflitos
Reportagem do Metrópoles publicada em fevereiro deste ano mostrou que o cenário é mais grave no extremo sul da Bahia, onde indígenas Pataxó invadiram propriedades rurais reivindicando demarcação, processo denominado “retomada”.

A situação na região é tão tensa, que fazendeiros chegam a sugerir ameaças em programas de rádio e na internet.

“É uma bomba relógio prestes a explodir. Tem gente aí que já está com os nervos à flor da pele e, uma hora, em um momento de loucura, pode acontecer algo pior. Pode acontecer, como já aconteceu e poderá acontecer, caso não tomem as devidas providências”, declarou o radialista Carlos Brito em um programa no programa Café Rural, transmitido pela Rádio 99,7 FM.

Na época, integrantes do movimento indígena pediram a presença da Força Nacional (FN) na região, mas o governador petista Jerônimo Rodrigues não teria aceitado a reivindicação. A atuação da FN depende da aceitação do governo estadual.

Investigação
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) lamentou a morte de Lucas Kariri-Sapuyá e informou que vai acompanhar as investigações para que os responsáveis pelo homicídio sejam responsabilizados.

Já a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que as investigações estão sendo realizadas por equipes da 6ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin).

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