por Ulisses Gama
Foto: Marcos Correa / PR
O presidente da República, Jair Bolsonaro, testou positivo para Covid-19. O resultado do exame foi divulgado nesta terça-feira (7) pelo próprio chefe do Executivo federal. Enquanto se recupera, sua agenda está suspensa. "Todo mundo sabia que, mais cedo ou mais tarde, ia atingir uma parte considerável da população", afirmou o presidente no final da manhã desta terça. Ele minimizou os atos que deixaram ele exposto ao vírus em mais de uma oportunidade. "Eu achava que já tinha pego", indicou.
"Sabemos da fatalidade do vírus para aqueles que têm uma certa idade, como eu, e quem tem algumas comorbidades", ponderou o presidente. Ele voltou a falar sobre a dicotomia entre economia e vidas, defendendo o posicionamento do governo com o protocolo do uso de hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19. "Não tinha alternativa e os governadores foram ao TCU para que não enviasse as doses", criticou.
Bolsonaro fez o teste após sentir sintomas da doença. Na última segunda-feira (6), o chefe do Executivo contou à CNN que estava com 38°C de febre e 96% de taxa de oxigenação no sangue. Além disso, o presidente revelou que estava fazendo o uso de hidroxicloroquina, medicamento que ele defende, apesar de não ter uma comprovação científica de sua eficácia.
Protagonista de várias aglomerações em meio à pandemia do novo coronavírus, Bolsonaro já se envolveu em uma polêmica justamente por causa de um exame da Covid-19 em maio. Na ocasião, o jornal 'O Estado de S. Paulo' foi à Justiça para garantir acesso aos resultados e os exames que foram entregues ao STF mostraram resultado negativo.
Recentemente, durante uma transmissão ao vivo, Bolsonaro chegou a dizer que acreditava que já tinha sido infectado pela doença, mas não sentiu nenhum sintoma.
"Fiz dois testes lá atrás, deu negativo. Alguns acham que já peguei. Não senti nada, não sei. Eu posso até fazer o teste novamente para ver se tenho anticorpos já. Eu acho que eu já peguei, tá certo? Mas isso vai da vida sanitária de cada um", disse à época.
No último sábado (4), Bolsonaro realizou um almoço em comemoração à Independência dos Estados Unidos. Em foto compartilhada nas redes sociais, ele aparece abraçando o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ao lado dos ministros Braga Netto (Casa Civil), Fernando Azevedo (Defesa) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman. Nenhum deles usa máscara na imagem divulgada.
No último registro do Ministério da Saúde, o Brasil tinha 65.487 mortes e 1.623.284 casos confirmados da doença.
Durante a coletiva para CNN, TV Brasil e TV Record, o presidente reafirmou críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), depois que a Corte definiu que governadores e prefeitos tinham autonomia para definir medidas restritivas. Apesar dos ministros indicarem a responsabilidade solidária dos entes federativos, Bolsonaro indicou que o STF transformou esses atos em privativos de estados e prefeituras. "Logo depois o STF definiu que as medidas de isolamento seriam privativas de governadores e prefeitos. A presidência da República passou a ser o órgão que enviava dinheiro para estados e prefeituras", reclamou.
Para ele, houve exagero das autoridades que restringiram acessos a áreas como praias. "Certas autoridades proibiram de ir a praia, quando o banho de sol ajuda contra o coronavírus", ironizou o presidente, ao reafirmar que está utilizando hidroxicloroquina como um dos protocolos de tratamento. "Se tivesse tomado a hidroxicloroquina antes, estaria bem, sem ter nenhum sintoma", informou. (Atualizado às 12h25)
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