A depressão é uma doença grave que atinge mais de 300 milhões de pessoas no mundo. Na Bahia, dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontaram que 427 mil pessoas sofriam da patologia em 2013. Em 2017, ocorreram 21,3 mil atendimentos ambulatoriais ou internações provocadas pela doença, de acordo com o Ministério da Saúde. A depressão lidera as causas de afastamento do trabalho no mundo, segundo a OMS, e por vezes tem como desfecho o suicídio. Embora já se fale muito da doença, ainda há muita desinformação e preconceito em torno do tema, o que ocasiona a demora na busca de ajuda especializada.
A psiquiatra da Holiste, Fabiana Nery, aponta que diversos estudos epidemiológicos demonstram que cerca de 20% da população brasileira apresenta transtornos depressivos. Todavia, apenas um terço desses casos é diagnosticado de forma adequada e somente 10% a 30% desses pacientes recebem tratamento.
“A depressão é uma condição médica comum, crônica e recorrente. Está frequentemente associada a incapacitação funcional e comprometimento da saúde física. No entanto, a depressão é sub-diagnosticada e sub-tratada. Em torno de 50% a 60% dos casos de depressão não são detectados”, alerta a psiquiatra, que ministrará uma palestra sobre o tema na próxima edição do Encontros Holiste, evento que ocorre no próximo dia 17 de julho. Intitulada “Depressão: fatos e fakes”, a palestra abordará pontos que o grande público, muitas vezes, desconhece. É o caso da Depressão resistente, quando o paciente não responde a pelo menos dois medicamentos comprovadamente eficazes para o tratamento do transtorno.
A psicóloga Ethel Poll salienta que identificar os sintomas da depressão no seu estágio inicial é de extrema importância para o tratamento, pois sua evolução pode ter fins trágicos, uma vez que ela é considerada um dos principais fatores de risco para o suicídio. A psicóloga também participará do evento, com a palestra “As faces da depressão”. Ethel destaca que a tristeza é a ‘face’ mais conhecida da patologia, mas não única, pois a depressão pode ter quadros que confundem pacientes e familiares.
“Em muitos casos o mal humor crônico, irritabilidade excessiva, estresse e sintomas físicos podem indicar que algo não vai bem com aquele indivíduo. Além disso, é um quadro que tem suas particularidades a depender da idade, do sexo, história de vida, fatores genéticos, etc.”, comenta.
O tratamento da depressão passa por identificar a gravidade e as particularidades do quadro. Fabiana explica que, nos casos leves da doença, o tratamento ambulatorial é suficiente para manter a doença sob controle. Já quando se trata de uma depressão moderada, onde existam perdas nas relações sociofamiliares, pode ser necessário um tratamento em hospital dia, onde o paciente cumpre uma série de atividades terapêuticas durante o dia e à noite retorna ao convívio familiar.
A internação psiquiátrica é recomendada apenas em casos graves, nos quais o indivíduo se encontra em um estado de impotência, catatonia, que já não o permite realizar suas atividades rotineiras: trabalhar, estudar, comer e dormir no horário apropriado, realizar a higiene pessoal, etc. Outro fator que indica a necessidade de uma internação é o risco de suicídio, quando o paciente precisa estar em um ambiente seguro, monitorado, até que a medicação comece a fazer efeito. “Muitas vezes essa proteção da internação é a diferença entre o paciente conseguir sobreviver àquele episódio e ter um desfecho letal”, conclui a psiquiatra.
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