Você deve ter ouvido falar que os jornalistas de Alagoas estão fazendo uma campanha contra a redução salarial de 40% proposta pelas maiores empresas de comunicação do nosso estado. Se você não ouviu falar sobre isso durante essa semana, te contei agora. Desde que noticiamos que os jornalistas entrariam em greve que recebemos “ataques” que partiram de pessoas que entendem que as redes sociais nasceram para que eles possam usar e disseminar o ódio ou até mesmo a piada de mau gosto. Nunca o bem, quase nunca.
Não costumo ler comentários de matérias (já que prezo pela saúde mental), mas inevitavelmente li alguns que me fizeram pensar: “em que mundo vivemos?”. Pessoas que colocaram que “quem não gosta do que a empresa propõe deve pedir demissão”; que “jornalistas fazendo greve é mais um dia sem fake News” e que “a greve é uma piada”.
Caro leitor, assim como você, nós também temos conta para pagar. Muitos são pais de família e precisam pagar a escola dos filhos, o plano de saúde e fazer feira. Recebemos um salário para pagar tudo e ainda fazer milagre. A maioria não nasceu em berço de ouro. Muitos escolheram jornalismo porque acreditam que com ele se pode vencer muitas coisas.
Sabe aquela criança com câncer que precisa de doação? Nós que fazemos a matéria e essa informação se espalha e a criança consegue essa doação. Sabe aquele desvio? Nós noticiamos e muitas vezes, os culpados são presos. Sabe aquela denúncia de que o hospital não está com material para atendimento? Nós também noticiamos e muitas vezes, o problema é resolvido.
Talvez você não saiba, mas vou te contar: não vestimos capas porque não somos heróis e nem melhores que os outros. Assim como você, nós também choramos quando precisamos escrever ou entrevistar uma mãe que perdeu o filho; ou quando vemos casos assustadores de estupros/mortes; nós também ficamos indignados com os desvios nas prefeituras. Nós, assim como vocês, temos uma vida corrida. Às vezes, não sobra tempo de tomar água ou de ir ao banheiro. Às vezes, nem de comer e muitas vezes nem de ser família. A nossa prioridade é passar informação para vocês o mais rápido possível. É trabalhar. E sim, erramos. E quando erramos... putz. Ficamos tristes porque erramos, mas faz parte da nossa profissão errar. Não somos robôs.
Nós sempre ouvimos quando vocês querem denunciar algo ou quando precisam de nós. Nós estendemos os gravadores, microfones e nos doamos em tudo que fazemos – independente da área, veículo – nós trabalhamos com amor e verdade.
Esse texto é para que vocês repensem o nosso papel dentro da sociedade e entendam que assim como vocês, nós também temos dores, desafios e contas para pagar. Não absorvam essa ideia de que divulgamos Fake News. Nós estamos aqui para te mostrar a verdade e combater as notícias falsas. Não nos ataquem ou nos ameacem... Nós também temos direitos.
Quando escolhi jornalismo foi para ser, no meio desse mundão, uma pessoa que pudesse entender, compreender, ouvir e escrever sobre o outro. Já escrevi tantas histórias e notícias que perdi as contas. Agora foi a minha vez de contar a minha para que você pudesse conhecer o outro lado do jornalismo.
Estou no instagram: @raissa.franca * Por: Raissa França (Cadaminuto)
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