O ex-presidente (esq) e o atual: Céu e inferno em uma mesma gestão
O crime não ficará sem castigo na seara alvinegra. O time da estrela solitária, que para muitos reencontrou o caminho que poderá fazer retomar os tempos de glória, tentará, na Justiça, se ressarcir de gestões predatórias que canibalizaram o patrimônio e deixaram sob risco o futuro da entidade centenária. E o alvo é o ex-presidente Maurício Assumpção. Nesta terça-feira (31), o departamento jurídico do clube ajuizou ação de cobrança de perdas e danos de ao menos R$ 50 milhões contra Maurício Assumpção Souza Junior, perante a 50ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, por conta de contratos assinados e que se mostraram lesivos aos interesses do clube.
Entre as queixas estão o não pagamento de direitos trabalhistas aos atletas e até contratos firmados com a empreiteira Odebrecht sem a devida autorização do Conselho Deliberativo do clube.
Além de Assumpção, que já foi expulso do quadro de associados, o Botafogo também reportou o ex-CEO do time, Sérgio Landau, o diretor-presidente da Odebrecht, Benedito Barbosa da Silva Jr., o diretor da construtora, Leandro Andrade Azevedo, e o presidente do Complexo Maracanã Entretenimento S.A., João Borba Filho.
Durante os dois períodos de Assumpção, o Botafogo viveu o céu e o inferno. No primeiro curso, de três anos, o clube montou um bom elenco e chegou a disputar as primeiras posições no Brasileiro. Entretanto, na sua segunda gestão, deixou de pagar dívidas trabalhistas e fez contratações de impacto que lesaram os cofres do clube. Uma delas foi a do craque holandês, Seedorf.
A Comunicação do clube, tocada pelo empresário Thiago Cesário Alvim, foi um dos pontos altos do período. O dirigente viajava pelo país realizando encontros com torcedores e promovendo a venda de títulos de sócios torcedores. Outra boa iniciativa foi a reaproximação de antigos craques com os torcedores - uma das marcas do Botafogo até hoje. Era o programa Feijão do Fogão. Por outro lado, nas áreas de marketing, publicidade e gestão financeira, a coisa desandava.
Contra todos os prognósticos, a atual gestão consegue, pouco a pouco, dar a volta por cima. Carlos Eduardo Pereira montou um elenco homogêneo e vibrante que conseguiu atrair para si o respeito da torcida e principalmente de adversários e mídia. Neófito na gestão de clube, Pereira teve o mérito de caminhar com segurança sem jogar para a platéia, mas para a torcida.
A eleição do sucessor este mês é considerada tão certa que apenas um candidato apareceu para a disputa. Mas as dívidas, herdadas da gestão anterior, são o Calcanhar de Aquiles a ameaçar o futuro do Glorioso.
Veja a nota na íntegra:
O Botafogo de Futebol e Regatas, em virtude das apurações ocorridas durante o processo de expulsão do ex-Presidente, vem a público informar que ajuizou ação de cobrança de perdas e danos contra o Sr. Maurício Assumpção Souza Junior, perante a 50ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Os prejuízos que o sr. Maurício Assumpção Souza Junior causou ao clube, dentre outros, decorreram da exclusão do Botafogo de Futebol e Regatas do Ato Trabalhista perante a Presidência do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro; do não pagamento de direitos trabalhistas de atletas que acarretaram a rescisão indireta dos contratos de trabalho e a perda dos direitos federativos e econômicos que caberiam ao Botafogo; o não pagamento intencional e confessado de tributos, onerando o Botafogo com multas e encargos, e ainda a contratação de suspeitos, irregulares e simulados contratos de mútuos com a Odebrecht e outros, sem dar ciência e obter autorização do Conselho Deliberativo, comprometendo as receitas futuras e todo o patrimônio do clube.
Estima-se que os prejuízos que deverão ser indenizados ao Botafogo ultrapassem a cifra de R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais).
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