por Adriana Fernandes | Estadão Conteúdo
Desde que o Brasil perdeu o status de grau de investimento dado pela agência Standard & Poors, em setembro de 2015, US$ 77 bilhões de investimentos em títulos de renda fixa e empréstimos a empresas deixaram o País, segundo estudo do banco Credit Suisse. O quadro só não foi pior porque o Brasil não apresentava as mesmas fragilidades que tinha na década de 90, por exemplo. Mas ainda pode se agravar, na avaliação dos economistas do banco, se houver demora muito grande na aprovação de reformas que poderiam equilibrar as contas públicas, principalmente a Previdenciária. Para o banco, historicamente, crises fiscais estão relacionadas com fuga de recursos do País. A maior parte das vezes em que houve moratória da dívida interna nos países da América Latina, incluindo o Brasil, as moedas locais se depreciaram como consequência da saída dos investimentos estrangeiros, o que dificultou a capacidade de pagamento dos juros e da própria dívida. A intensidade da fuga dos dólares foi influenciada pela situação das contas públicas e pela percepção dos investimentos sobre a capacidade de pagamento da dívida. Na avaliação do Credit Suisse, um dos primeiros a prever a necessidade de mudança das metas fiscais de 2017 e 2018, a deterioração fiscal do País, rombos cada vez maiores podem afetar o crescimento de longo prazo e tornar mais frágil o real. O banco diz, porém, que as reservas internacionais em nível elevado - cerca de US$ 380 bilhões - e os recentes resultados positivos nas transações do Brasil com outros países - o superávit comercial já chegou a US$ 48 bilhões este ano - dão um pouco mais de tempo para o País tocar as reformas fiscais. "Dado esse cenário relativamente tranquilo, o Brasil ganha tempo, mas não sabemos quanto tempo", diz Leonardo Fonseca, economista do banco.
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