por Estela Marques / Júlia Vigné*Foto: Antônio Augusto / Câmara dos Deputados
Fazer parte de um partido mais alinhado com os preceitos da esquerda talvez não seja sinal de que os valores de correligionário e legenda estejam alinhados. O deputado federal Bebeto Galvão (PSB-BA), que votou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) em 17 de abril de 2016, hoje é o parlamentar de esquerda que mais aderiu à pauta proposta pelo governo de Michel Temer (PMDB), a quem a esquerda intitula como "golpista". Com base em dados do Basômetro, ferramenta do Estadão que avalia a votação dos parlamentares no Congresso Nacional, Bebeto tem 74% de taxa de governismo, tendo sido favorável aos projetos do Executivo em 83 casos, ante 21 votos contrários em matérias do Planalto. Bebeto acumula oito abstenções em votações. Uma delas é a da Lei das Terceirizações, aprovada em março pelo Congresso. Contraditoriamente, o representante baiano do PSB na Câmara tem histórico na luta sindical, tendo sido fundador do Sindicacau e atual presidente do Sintepav-Bahia. Em sua página no Facebook, Bebeto chega a descrever sua atuação política como "marcada pela superação e luta em defesa do direito dos trabalhadores". Para o deputado Bebeto, no entanto, o “interesse nacional não pode ser analisado como governismo”. “As condições dos votos têm que ser analisadas, os projetos estão vinculados aos projetos das pessoas. Eu permaneço crítico em relação ao governo, mas é importante ressaltar que o partido foi para a base do governo, que a bancada decide o encaminhamento, os líderes encaminham e você segue o encaminhamento”, afirmou. O deputado ainda destacou que segue o interesse nacional, que vota em matérias não prejudiciais aos interesses nacionais e que é o parlamentar que mais defende as questões relacionadas à Bahia. “Eu sou o maior crítico que tem em relação aos interesses dos trabalhadores”, afirmou. Com relação à abstenção na votação da Lei da Terceirização, o deputado afirmou que a culpa é do modelo de organização da pauta da Câmara. “O projeto não estava na agenda. O que estava na agenda é que teria um debate. Nós tivemos com o presidente da Câmara e as centrais sindicais e ele estabeleceu um acordo que não ia votar o projeto naquela data e lamentavelmente o acordo foi rompido e colocou naquela data a votação da matéria”, afirmou que justificou sua ausência afirmando que tinha um congresso da Força Sindical da Bahia para falar sobre a reforma trabalhista, a reforma previdenciária e a terceirização. O deputado ressaltou que sua posição é “vinculada ao campo de progresso social, aos trabalhadores, e vamos continuar”.
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