Quando o bolso vai mal, a cabeça e o corpo padecem. A recessão está presente em 80% das queixas dos pacientes em muitos consultórios de psiquiatria, e a procura por ajuda médica ou psicológica já corresponde a 40% dos casos, em alguns locais, nos últimos 12 meses. Como entender o que se passa na cabeça de cada um dos brasileiros?
Para o psicólogo norte-americano Abraham Maslow (1908-1970), a motivação do ser humano na busca dos objetivos está, estritamente, ligada à satisfação de suas necessidades. Sua teoria, denominada Teoria das Necessidades de Maslow, é alicerçada na figura de uma pirâmide, na qual na primeira etapa, a base, estão as necessidades fisiológicas do ser humano, como exemplo alimentação, o descanso ou o simples fato de nos mantermos vivos. Acima disso, a segurança, as necessidades sociais, a autoestima e a autorrealização, o mais alto grau de satisfação em que o ser humano possa chegar. por Eduardo Homem de Carvalho
Conforme afirmação do próprio Maslow, 'à medida que os aspectos básicos que formam a qualidade de vida são preenchidos, podem deslocar seu desejo para aspirações cada vez mais elevadas'. Pois bem, o ser humano deseja o que não tem e a abdicação de prazeres já experimentados soa sempre como uma ameaça. No atual cenário, estas ameaças são a perda ou a diminuição da renda.
O pior: será que estamos correndo riscos de não conseguir satisfazer sequer nossas necessidades mais básicas? Óbvio que cada ser humano é movido por interesses diferentes. Porém, não é tarefa fácil distinguir uma real necessidade de um simples desejo ou vontade. O grau de percepção das coisas, os valores, estão no existencialismo de cada um e em todo contexto que o cerca.
A crise psicológica na qual vivem muitos brasileiros reflete, nada mais nada menos, que os riscos inerentes de uma crise econômica profunda. Risco de perda de emprego, risco na queda da renda, risco de não cumprir compromissos assumidos. Risco de não poder oferecer um suporte necessário à família. Se para a maioria dos brasileiros o topo da pirâmide, o alto grau de realização, é uma tarefa para lá de distante, para 12 milhões de desempregados o desafio é chegar a uma ocupação que lhes garanta, simplesmente, a satisfação das necessidades mais básicas.
Nesse contexto, temos brasileiros mais próximos do divã do que de uma escalada na pirâmide social. por Eduardo Homem de Carvalho
Nenhum comentário:
Postar um comentário