Foto: Divulgação
Após algum tempo sem se manifestar sobre o assunto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Para o tucano, havia subsídios para o impedimento, mas ela “se defendeu bravamente, como podia” e “foi até mais clara no falar do que é geralmente”. “O problema é que não querem enfrentar a realidade. Apesar de todos os floreios para evitar a questão central, houve efetivamente arranhões à Constituição. Houve emissão de despesa sem autorização do Congresso”, opiniou. FHC também foi contra o fatiamento do resultado, que fez com a petista perdesse o mandato, mas não ficasse impossibilitada de assumir cargos públicos. “Visivelmente contra a Constituição. Não sei como o Supremo vai descalçar essa bota. [Acho que] Não vai. Vai dizer que é soberania do Senado. Mas o ministro do Supremo [Ricardo Lewandowski] não teve nem o cuidado de submeter ao Congresso a questão. O que é isso? É um pouco do espírito de conciliação brasileiro. Um ‘jeitinho’”, classificou. O ex-presidente também opinou sobre a denúncia contra Lula, da qual viu “partes”, e concluiu que o Ministério Público Federal (MPF) obscureceu a principal questão: a existência de favorecimento pessoal. “Se ele foi o responsável maior, não é ponto de partida, é ponto de chegada. Isso não diminui a necessidade de responder a outro quesito: houve desvio de finalidade dos recursos?”, argumentou ele, justificando porque não havia falado antes sobre o tema. “Ele vive um momento delicado, e não acho que corresponda a mim, que fui presidente e o conheço de outras épocas, agravar. Isso, agora, é a Justiça quem vai ter que decidir. Não quero jogar pedra no Lula”. Apesar de não apostar em uma crise institucional, Fernando Henrique afirma que “há algo inquietante” na relação entre os Poderes da República. “Não creio [que passamos por uma crise institucional]. O problema que temos é o seguinte: Será que o nosso arranjo –Executivo, Congresso, Judiciário, Ministério Público– está funcionando? Após 1988 metade dos eleitos sofreu impeachment, e, saltando o regime militar, só [Eurico] Dutra e Juscelino [Kubitschek] escaparam de um final tormentoso. Tem algo inquietante”, definiu. O tucano avalia, porém, que “o Congresso tem muita força”. “A Constituição é quase parlamentarista. Por quê? Porque ela era quando foi escrita. Depois, quando foi derrotada a emenda, não houve rebalanceamento”. BN
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