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domingo, 11 de setembro de 2016

Cientistas descobrem bactérias transgênicas capazes de “comer” tumores

Conforme os tumores crescem de forma desigual, no interior deles surgem regiões compostas por células de baixo consumo de oxigênio. Tais células são resistentes aos tratamentos mais comuns contra o câncer – quimioterapia e radioterapia. Com isso em mente, pesquisadores nos EUA tiveram a ideia de enviar uma bactéria chamada de Clostridium novyi, a essas áreas. Por se tratar de um microrganismo anaeróbico, ele não precisa de ambientes ricos em oxigênio para se multiplicar. 

Apesar de considerada ótima, a ideia ainda apresentava um problema relevante: a bactéria possuía um gene que faz com que ela produza uma toxina bastante agressiva aos humanos e animais. Logo, para utilizá-la, precisaram adaptar a espécie, “apagando” parte de seu DNA. Dessa forma, ela se transformou em uma bactéria transgênica, segundo informações do biólogo Paulo Alex para o Diário de Biologia.

Após a modificação, tumores de roedores – que apresentavam uma forma artificial e agressiva de câncer cerebral – foram infectados com as bactérias. Depois, fizeram o mesmo com cães que tinham desenvolvido naturalmente a doença, e por fim, com uma paciente de 53 anos, cujo câncer muscular já havia se espalhado pelo organismo (metástase). Uma vez no organismo, a bactéria foi capaz de atacar as células cancerosas e se alimentar de pedaços dos tumores, evitando danos aos tecidos saudáveis da paciente.

Os resultados dobraram a expectativa de vida dos ratos e eliminou ou reduziu o tumor em 40% dos cães. Já no caso da paciente, o tumor que se localizava em seu ombro foi praticamente destruído, não apresentando células que pudessem recomeçar o processo.

Apesar dos resultados encorajadores, a pesquisa ainda se encontra na primeira fase de testes clínicos, que tem o objetivo verificar a segurança do procedimento. Os cientistas relataram que as três espécies de cobaias apresentaram efeitos colaterais semelhantes a uma infecção normal, incluindo inchaço, dor e febre. Dessa forma, quando as bactérias concluíram o trabalho, a infecção precisou ser controlada com antibióticos tradicionais.

Conforme lembrado pelo biólogo, é relevante considerar que os tumores são heterogêneos, e isso explica por que uma única estratégia as vezes não é suficiente para destruí-los completamente. O método das bactérias poderia ser uma arma para reduzir o tamanho deles, podendo ser combinado a outras terapias para maior eficácia. Além disso, ainda é cedo para afirmar quais tipos de tumores seriam mais vulneráveis a essa ação.

Os resultados preliminares foram publicados recentemente no periódico Science Traslational Medicine. [ Diário de Biologia ] [ Fotos: Reprodução / Diário de Biologia ]

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