Pedro Cardoso da Costa – Interlagos/SP - Bacharel em direito
Os jornalistas costumam reclamar da obrigação de escrever, sobretudo quando, por vezes, não têm um assunto - ou inspiração, para aquele momento. Se para os profissionais existe essa dificuldade, imagine-se para os pobres mortais.
Mas a dificuldade maior para as pessoas comuns seria escrever sobre problemas do cotidiano do brasileiro pelo desgaste da repetição, pois esses problemas são eternamente insolúveis. Tudo que se escreve hoje é muito idêntico ao que foi escrito há décadas e séculos. Fazer o quê! Secar gelo é preciso.
Escrevi há uns 15 anos que as autoridades permitiam o crescimento da violência a patamares estratosféricos e quando reduzissem qualquer coisa se vangloriariam pelo sucesso, sem levar em conta os percentuais de quanto deixaram aumentar e em quanto diminuíram. Faz parte da nossa cultura essa linguagem política completamente dissociada da realidade.
Mas a mania de tutelar em demasia o cidadão se torna mais grave do que camuflar ou distorcer resultados. Como não resolvem os problemas, as autoridades se acostumaram a inventar “proteções” descabidas aos cidadãos.
Essa tutela sufocante começou com o fechamento dos acessos aos viadutos sob a alegação de segurança, mas o verdadeiro motivo era evitar moradores de rua. Depois se alastrou às praças e aos parques públicos, generalizando-se.
Agora estão sendo colocadas cercas de proteção, verdadeiros gradis, no centro da cidade próximo aos pontos de grande circulação de pessoas, mesmo em calçadas e ruas sem maiores riscos.
As medidas de segurança que interferem na liberdade do indivíduo devem ir até o limite do bom senso. Se levadas ao pé da letra, ou seja, de modo literal, deveriam ser estendidas às empresas da construção civil, que só poderiam entregar apartamentos com grades nas portas, janelas e sacadas, a fim de evitar suicídios.
Do mesmo modo, os automóveis só poderiam ser entregues se fossem totalmente blindados e se as portas tivessem vidros que travassem após velocidades mais altas para evitar que alguém fosse arremessado ou saltasse em altas velocidades. Sobre os carros, quando proibiram os sinais de celular nas proximidades dos presídios para evitar a utilização pelos detentos, cheguei a ironizar que não deveriam ser fabricados nem comercializados no Oriente Médio para evitar os atentados à bomba, tão comuns naquela região.
Então, senhores prefeitos, sem exageros com essas cercas de proteção. Os cidadãos têm de ser responsabilizados pelas consequências dos seus atos individuais, mas eles são os principais responsáveis por cuidar de suas próprias vidas. Menos cercas, mais orientação correta.
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