Aline Torres-Do UOL, em Florianópolis
Casas na lagoa da Conceição (SC) invadem área de proteção ambienta
Entre os imóveis ilegais construídos em área de preservação na lagoa da Conceição está a casa de Karolina Machado, irmã do vereador Badeko (PSD). O imóvel foi adquirido em 2011, mas do original construído em 1989, com 48 m², pouco sobrou. A casa foi reconstruída com o dobro do tamanho, sem preservar a planta original Leia mais Aline Torres/UOL
Após a servidora Elisa Rehn embargar a obra de uma casa na lagoa da Conceição, ela foi exonerada do cargo de diretora de fiscalização da Floram (Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina), na semana passada. O MPF investigará se o prefeito Cesar Souza Júnior (PSD) cedeu à pressão de vereadores que desde o começo do ano pressionam pelo afastamento da funcionária, o que poderia se configurar como tráfico de influência.
Rehn inspecionava obras ilegais na capital, principalmente construções que afetavam a natureza. Alguns vereadores a acusaram de "autoritarismo" e entregaram um documento informal ao prefeito sugerindo a exoneração.
Como a carta não foi protocolada, a Câmara não é obrigada a atender a solicitação da imprensa e entregar uma cópia. A prefeitura, por sua vez, diz que não divulga documentos vindos da Câmara.
Rehn teve atritos recentes com o vereador Badeko (PSD) por conta da casa de Karolina Machado, irmã do parlamentar. A casa dela no Caminho da Costa, uma das regiões mais preservadas do Estado, está entre os imóveis ilegais construídos em área proibida na lagoa da Conceição.
O imóvel foi adquirido em 2011, mas do original construído em 1989, com 48 m², pouco sobrou. A casa foi reconstruída com o dobro do tamanho, sem preservar a planta original.
No dia 1° de novembro, Rehn embargou a obra. Mas os trabalhos continuaram até que uma segunda ordem judicial exigiu que os materiais de construção fossem apreendidos.
O prefeito chegou a afirmar que a saída da funcionária não tem relação com a solicitação dos vereadores e teria a ver com a reestruturação do IPUF (Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis). Rehn é funcionária do IPUF há quase 30 anos e voltará a trabalhar no departamento até o final do ano.
O vereador confirma que assinou o documento pedindo a saída de Rehn, mas não quis dar entrevistas ao UOL. Desde quinta-feira (4), é procurado pela reportagem por telefone. Seus assessores afirmam que ele ligará em seguida, mas não o faz.
Rehn está em tratamento médico e disse que não gostaria de se expor neste momento.
Por pressão do MPF e determinação da Floram, a casa da irmã do vereador será demolida. A proprietária tem até o final do mês para apresentar um projeto de recuperação da área, além de arcar com uma multa de R$ 20 mil por desrespeitar uma liminar da Justiça Federal, expedida em 2005, que exige que as leis de proteção às margens da lagoa da Conceição sejam respeitadas.
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