Essa é a nossa democracia: a liberdade de escolher uma fruta num saco de laranjas podres.
Política se conceitua como sendo uma ciência que trabalha a organização de uma nação, um estado, um município ou até uma empresa. Mas, a política implantada em nosso país, nosso estado e até no nosso município foge sobremaneira deste conceito. O que vemos é um verdadeiro balcão de negócios onde a infidelidade, as traições e as adesões oportunas falam mais alto que a ideologia e de uma proposta de governo que atenda aos reais interesses da sociedade como um todo.
As mesmas figurinhas carimbadas deste álbum se revezam entre si dificultando uma oportunidade para alguém que verdadeiramente tenha a política como propósito. (Se é que existe esse alguém). Para toda eleição é um novo teatro encenando uma pseuda ruptura com um aliado e, por conseguinte uma adesão a um antigo desafeto.
O mesmo enredo, o mesmo palco e os mesmos personagens brigam pelo protagonismo. Cunha Lima, Coutinho, Do Rego, Maranhão e outros menos cotados, cada um marcado e envolvido em um escândalo dentro de sua administração: "Envelopes Amarelos, Jampa Digital, Cheque de R$ 50 mil na Secretaria de Saúde da PMCG, Tragédia de Camará e outros casos que mostram a lama suja de nossa política e que tem ao seu lado uma legislação que não consegue punir os envolvidos fazendo com que a gente sempre tenha que escolher entre o ruim e o pior.
Os candidatos são os mesmos, os pensamentos os mesmos e as práticas são as mesmas, de um para o outro só muda o número, que, aliás, deveriam começar com 171. Já o eleitor, pobre coitado! Este se ilude com uma paixão momentânea e perde o discernimento e a memória chegando a usar as redes sociais para fazer apologia a um candidato como se este fosse um ídolo. Se a paixão por si só já faz um indivíduo perder parte de sua lucidez, imagine uma paixão política.
Essa é a nossa política: candidatos com histórico recheados de escândalos e eleitores com um certo lapso de memória. Essa é a nossa democracia: a liberdade de escolher uma fruta num saco de laranjas podres. Fonte: Eraldo Severiano
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