Recente relatório da coordenação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192) de Itabuna apresenta a alarmante estimativa de que por ano, desde 2013, o serviço registra mais de 70 mil trotes no município. A quantidade de trotes se iguala ao número de atendimentos realizados durante os 10 anos de funcionamento da instituição, que somam 71 mil. Por mês são realizados em média oito mil atendimentos, dos quais 71% são trotes que prejudicam a prestação de serviço de urgência e emergência à população. No ano passado a equipe recebeu 72 mil trotes, com uma média seis mil por mês, enquanto em 2014 esse número já foi ultrapassado, chegando a 74 mil registros, no dia 15 de setembro, o equivalente à soma de nove mil trotes mensais. O apelo da equipe de coordenação do Samu-192 é para que a população se conscientize da importância do serviço e de que por causa dos trotes há atrasos aos atendimentos reais com graves riscos. “É preciso que os pais orientem seus filhos sobre o perigo de passar trotes e também que policiem o próprio celular, visto que muitas crianças utilizam o aparelho dos pais para ligar”, orientou a coordenadora de Urgência da Secretaria da Saúde, Sandra Campos.
Entre as ocorrências estão casos absurdos como um número de telefone, identificado como da cidade de Ubaitaba, que já realizou mais de 1.500 trotes. Há ainda entre os principais registros: ligações de telefones públicos próximos a escolas; adultos que ligam à noite falando pornografia; pacientes sem gravidade em busca de carona para ir ao hospital ou fazer exame; e até mesmo idosos e doentes mentais fazendo brincadeiras. Segundo a coordenação, o número de trotes dobra nos fins de semana e alguns são tão precisos nas informações que levam a equipe a se deslocar. “Já chegamos a nos deslocar cerca de 60 km e somente no local constatar que era trote. Para tentar resolver isso fazemos muitas perguntas, mas ainda assim alguns são convincentes”, explicou Sandra. O Samu-192 de Itabuna mantém duas telefonistas, que trocam de turno a cada 12 horas, um operador de rádio e um médico regulador, em plantões de 24 horas. De acordo com a agilidade da ligação em menos de dois minutos a equipe está a caminho do paciente. No entanto, um trote pode fazer um paciente real esperar por uma ambulância que saiu para atender a um trote.
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