Carlos Madeiro--Do UOL, em Maceió
Apontada como uma das empresas envolvidas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto da Costa, no pagamento de propina, a UTC Engenharia doou pelo menos R$ 12,9 milhões para algumas das principais campanhas eleitorais do país, conforme dados da 2ª parcial da prestação de contas, divulgada no sábado (6) pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
De acordo com a revista "Época" e com o jornal "O Estado de S. Paulo", o ex-diretor citou, em depoimento feito por meio de delação premiada, empreiteira como uma das que fechou contrato com a Petrobras pagando 3% de propina a políticos. A empresa nega irregularidades. Desde junho a UTC e outras empreiteiras são investigadas pela Polícia Federal.
O maior beneficiado da UTC foi o Diretório Nacional do PT, que recebeu seis transferências bancárias entre os dias 14 de julho e 29 de agosto. Os valores variaram entre R$ 200 mil e R$ 2,45 milhões, totalizando transferências no montante de R$ 6,4 milhões.
Os valores doados a um diretório nacional não necessariamente são utilizados na campanha presidencial, podendo ser repassados a qualquer diretório estadual ou diretamente à campanha de algum candidato do partido.
Já a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, também recebeu duas doações de R$ 2,5 milhões cada uma, nos dias 5 e 27 de agosto. Entre os doadores à petista, a UTC aparece na terceira posição de maior doadora à campanha de Dilma, que recebeu, até o momento, R$ 123,6 milhões em doações.
O candidato Aécio Neves (PSDB) também foi agraciado pela empreiteira com duas transferências bancárias, porém em valores mais baixos: R$ 500 mil cada uma. As doações foram feitas nos dias 28 de julho e 15 de agosto e tiveram como destino o comitê financeiro nacional para a Presidência do PSDB. No ranking, a UTC aparece como a quinta maior doadora do tucano, com um total de R$ 44,5 milhões repassados.
Outro beneficiado foi o deputado federal Renan Calheiros Filho (PMDB), candidato ao governo de Alagoas, que recebeu um cheque de R$ 500 mil, em 25 de agosto, para sua campanha. Renan Calheiros (PMDB-AL), o pai, que é presidente do Senado, é um dos nomes citados por Costa como suposto beneficiário do esquema na Petrobras, mas negou qualquer relação com o caso e soltou nota com "repúdio às especulações".
Políticos e UTC dizem que doações são legais
Em resposta ao UOL, a UTC informou apenas que "as contribuições eleitorais da UTC são feitas dentro dos limites estabelecidos e na forma da lei".
Sobre as acusações feitas pelo ex-diretor da Petrobras, a UTC disse que atua há 40 anos na área de engenharia industrial e há mais de 50 anos no setor de infraestrutura e que "repudia qualquer insinuação que relacione seu nome a práticas ilegais", informou.
O comitê da campanha de Aécio Neves informou ao UOL que todas as doações são "transparentes e seguem rigorosamente as regras previstas pelo TSE".
Já a assessoria do candidato Renan Filho assegurou que as doações "são absolutamente éticas, legais e devidamente contabilizadas". "Não existem acordos nem compromissos escusos nessas operações, e nada vincula o nome de Renan Filho a qualquer irregularidade em nenhum momento", afirmou.
O Diretório Nacional do PT, que também coordena a campanha de Dilma, não respondeu até o momento ao e-mail enviado pela reportagem na segunda-feira (8).
Campanha de Marina recebe R$ 19,5 milhões
Segundo os dados da prestação de contas, o comitê único da candidata Marina Silva (PSB) recebeu R$ 19,5 milhões --entre valores arrecadados ainda na campanha de Eduardo Campos, morto em 13 de agosto.
A JBS foi a maior doadora ao comitê financeiro do PSB, com R$ 5 milhões repassados. A candidata Marina não teve doações em seu nome porque o TSE não deferiu sua candidatura apenas na semana passada. http://zip.net/bdpwJ9
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