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terça-feira, 7 de janeiro de 2014

FUTEBOL, ÓPIO DO POVO

Por Humberto Pinho da Silva
Sempre que há futebol na televisão, a minha rua anima-se. São: “hás”!, “hós!” e Hús!”, proclamados em coro, pelos meus vizinhos; e não é raro, quando entra a bola na baliza, passarem carros grasnando as mais disparas buzinas.
Quando tal acontece, recordo logo os três famosos “Fs” de Salazar – Futebol, Fado e Fátima, – que nos meus tempos de juventude, ouvia, com respeito e até veneração, a inflamados oposicionistas ou do reviralho, como pomposamente eram apelidados.
Dizia-se, pelas cafetarias, à socapa, não fosse a PIDE ouvir, que Salazar anestesiava o povo com: Futebol, Fado e com as cerimónias realizadas em Fátima.
Como adolescente, que era, acreditava em tudo, e pensava com os meus botões:” Que grande tratante!”
Indignava-me, também com as manifestações, ao ver centenas de camionetas a despejarem pessoas, que vinham de longe, a troco do passeio, cerveja e naco de pão.
De política, nada sabia, além da “Organização Política da Nação” que aprendera no liceu.
Envelheci, e a idade diz-me que os três “Fs” são, agora, praticados por aqueles que o denegriam.
Na antiga Roma, os Imperadores e a elite, criaram o coliseu, para divertirem o povo e anestesia-lo. Nesse circo, clamava-se a alta voz: “Mata-o”… “Mata-o”… e havia gritos, palmas e palavras cruéis; morria-se na arena, e esquecia-se as agruras da vida nas bancadas.
Ditadores, democratas e elites dominantes, ainda hoje usam os mesmos métodos, e os escrúpulos são os mesmos.
 Futebol, Carnaval, Música alienante, e “droga”, fazem o povo esquecer dificuldades e problemas que o atormenta.
Recentemente, ouvi asseverar, que o futebol desenvolve a economia. Estudei Economia e leio periódicos sobre a matéria, e nunca descobri que o desporto resolvesse problemas financeiros de um país.
Em Portugal, a crise começou com o Campeonato da Europa; na Grécia, após os Jogos Olímpicos; e no Brasil, receio que a “crise” chegue por causa do futebol.
Muitos brasileiros são de igual parecer; por isso descem à rua e intelectuais usam a pena para alertarem o perigo.
É que o dinheiro esbanjado com o espetáculo, faz falta para minorar necessidades prementes.

Infelizmente as “massas” carecem desses incentivos para sentirem-se felizes e “embriagarem-se“; e o poder aproveita, a fraqueza, para as manter alienadas.

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