O cheque especial deveria, em tese, ser usado somente em casos de extrema necessidade. Mas, de tão acessível e estimulado pelos bancos, o dinheiro extra acaba se incorporando ao salário de milhares de brasileiros. Em 2013, ainda sem contabilizar as compras de Natal, o saldo devedor dessa modalidade cresceu 16,3%, mais que o dobro do salto registrado nas dívidas com cartão de crédito. O montante atingiu R$ 21,2 bilhões em novembro, indicam os dados mais atualizados do Banco Central. Animados com os valores a mais disponíveis na conta, os brasileiros costumam se enrolar com o cheque especial com a mesma facilidade que usufruem dele. Não raras vezes, os juros altíssimos tumultuam a vida de quem abusa desse tipo de empréstimo: a taxa média cobrada pelo sistema financeiro vem subindo há seis meses consecutivos, tendo alcançado, no último levantamento do BC, o patamar de 146,4% ao ano — o maior desde junho de 2012. Quem gastou muito na virada do ano e não poupou ao menos parte do 13ª salário pensando nos meses seguintes terá de se esforçar para vencer a tentação e fugir do cheque especial neste início de 2014, orientam especialistas. Se for preciso recorrer a algum tipo financiamento para pagar os impostos tradicionais de começo de ano (IPVA e IPTU), a matrícula escolar dos filhos ou outras despesas urgentes, a sugestão é recorrer a modalidades com juros menores, como o crédito pessoal (86,4% ao ano) ou o empréstimo consignado (24,5% anuais, na média). (Correio Braziliense)
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