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domingo, 1 de setembro de 2013

SERRA DA SAUDADE-MG: Na cidade menos populosa do país, jovens migram em busca de emprego

Desde quinta-feira (29) Serra da Saudade(MG) é, oficialmente, a menor cidade do país. Segundo os dados de população divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de 825 habitantes agora ocupa a posição que durante 23 anos foi de Borá, no interior paulista – e a intensa emigração dos jovens do município do Centro-Oeste mineiro pode ajudar a manter este quadro.

O G1 visitou a cidade que que tem 335 quilômetros quadrados de extensão territorial, o mesmo tamanho de Belo Horizonte. Em Serra da Saudade as casas não são muradas, os carros dormem nas ruas, que são 5, e as janelas amanhecem abertas quando está calor. Os moradores se orgulham da tranquilidade. “Aqui é um pedacinho do céu, não penso em deixar esse lugar hora nenhuma”, afirma a dona de casa Sabrina Gonçalves, de 25 anos.

Fundada em 1963, a cidade tem a prefeitura como principal fonte de renda para os trabalhadores: 180 pessoas são empregadas pela administração e ganham, em média, um salário mínimo.

Segundo a prefeita, Neusa Maria Ribeiro, a agropecuária aparece em segundo lugar como gerador de empregos, com predominância para a pecuária, principalmente gado de corte.

A baixa diversificação de oportunidades de trabalho é apontada pelo secretário da Educação, Ivan Hernane de Oliveira, como fator determinante na saída dos jovens da cidade. “Infelizmente há pouco interesse do setor privado em trazer empresas para Serra da Saudade, por ser uma cidade que tem pouca mão de obra qualificada. É preciso que a juventude corra atrás de um futuro melhor", diz ele. "Serra da Saudade é acolhedora e estará sempre de braços abertos para receber aqueles que desejarem voltar”, acrescenta.

Beatriz Fernandes tem 24 anos e estuda nutrição em Bom Despacho. Ela percorre todos os dias mais de 100 km para assistir às aulas. A jovem não esconde o orgulho que tem de ser "serrano-saudalense". Perto da formatura, ela afirma que a prioridade é trabalhar na cidade, mas que se não houver oportunidade ela seguirá novos rumos para exercer a profissão.“Pretendo ficar aqui, amo esse lugar e temos tudo que precisamos. Mas se não tiver outro jeito também terei que me mudar"
Beatriz Fernandes, de 24 anos, moradora de Serra da Saudade“Pretendo ficar aqui, amo esse lugar e temos tudo que precisamos. Mas se não tiver outro jeito também terei que me mudar”, disse.

A aposentada Lázara Maria da Silva, de 65 anos, tem cinco filhos, sendo que três deles se mudaram de Serra da Saudade quando tinham idades entre 18 e 20 anos. Foram trabalhar em Uberaba. Ela lamenta a ausência dos filhos. “Sinto falta deles, perdi meu marido e, inclusive, um de meus filhos. Moro sozinha, mas compreendo perfeitamente a decisão de eles terem saído daqui. Sei que onde estão há emprego e salários melhores”, contou.

A oficial de cartório Ludmila Lopes do Amaral tem três filhos pequenos. Um deles, de 9 meses. Embora a cidade ofereça qualidade de vida, ela ressalta que se for preciso abrirá mão para que os filhos se mudem quando crescer. “Vou torcer para que eles fiquem aqui. Não temos criminalidade, não temos violência e isso faz a diferença entre Serra e outras cidades”, diz. 

A prefeita Neusa Maria foi eleita em candidatura única na última eleição e também se orgulha das vantagens da cidade pequena. Apesar de enfrentar problemas administrativos, ela ressaltou que consegue lidar de perto com as necessidades básicas de cada morador. “Eu conheço cada um neste lugar e me disponibilizo a ajudá-los da melhor maneira possível. Os moradores têm meu telefone celular particular, faço questão de atender a todos os chamados, quando não atendo eu retorno", afirma.

Em Serra da Saudade não há posto de gasolina nem farmácia. Há um posto de saúde onde há atendimento e distribuição de remédios. Quem precisa abastecer, vai até a cidade mais próxima, Estrela do Indaiá, que fica distante 15 km.

Já academia, clube e nutricionista são gratuitos. A internet é via rádio e funciona nas casas após a compra de uma antena e um cadastro na prefeitura. “Aqui temos de tudo e de graça. Não precisamos nem pedir mais nada aos governantes. A satisfação de fazer parte da cidade é muito grande”, diz a aposentada Maria José Ricardo. Foto: Anna Lúcia Silva / G1*Fonte: Anna Lúcia Silva Do G1 Centro-Oeste de Mina

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