Ao longo dos quase 80 anos de existência constitucional de comissões parlamentares de inquérito no Brasil, é possível registrar a recorrência de alguns dos problemas investigados. Um em particular chama a atenção por causa do tom explosivo: o escândalo de compra de apoio de parlamentares em votações na Câmara dos Deputados. Trata-se do mensalão, desvendado pela CPMI dos Correios, em 2005. Mas também de outro esquema similar, registrado em 1963, investigado pela CPI do Ibad. Ambos envolveram parlamentares de diversos partidos políticos.
Em um contexto de Guerra Fria, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) foi criado em 1959 para combater o comunismo no País. Mas a entidade, criada pelo norte-americano radicado no Brasil Ivan Hasslocher, começou a atuar politicamente a partir da posse de João Goulart, em 1961. “Para o Jango assumir, foi feita uma grande composição em que se criou um regime parlamentarista. A Câmara passou a ter muito mais peso do que tinha no presidencialismo. Dominar a Câmara era decidir se o governo poderia ou não fazer as coisas. Por isso, o Ibad passou fortemente a trabalhar a ideia de dominar a Câmara, ter um grupo de deputados, de preferência a maioria, que assegurasse a impossibilidade das reformas que o Jango pretendia fazer com as quais eles não concordavam”, contextualiza João Carlos Ferreira, especialista em processos políticos no Legislativo, que estudou o escândalo.
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