Minas 247 – Basta acompanhar um pouco os últimos discursos públicos do senador tucano Aécio Neves para perceber que ele, nitidamente, está mudado. Uma crítica constante que se fazia ao ex-governador mineiro, de que ele adotava uma postura exageradamente passiva em relação a seus adversários políticos, aos poucos vai perdendo sentido. Ao menos por ora, enquanto se esforça para tornar inevitável seu nome como o candidato a presidente do PSDB em 2014, Aécio deixa de lado a mineirice de quem busca sempre a conciliação e parte para a briga.
O adversário, claro, é o PT e o governo de Dilma Rousseff. Mas sobra munição para mais gente. O ex-ministro da justiça e advogado de Carlinhos Cachoeira, Márcio Thomaz Bastos, por exemplo, foi um dos primeiros a ser vítima do “novo” Aécio. “Cena patética”, disse o senador tucano, sobre o advogado ao lado do bicheiro na CPI.
O ex-presidente Lula também não escapa do veneno aecista. No episódio envolvendo o polêmico diálogo de Lula com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o mineiro neto de Tancredo Neves não aliviou. Dizendo-se fiel ao compromisso da “liturgia do cargo”, disse que a suposta ameaça de Lula “foi uma ameaça às instituições e um grave atentado à democracia”.
Contra o PT, no encontro do PSDB mineiro há cerca de um mês, o ex-governador praticamente inaugurou o novo estilo. “Chega de corrupção, chega de PT”, chegou a bradar, sob aplausos da claque tucana reunida no evento. Esta semana, não poupou os petistas depois do polêmico acordo - sob o ponto de vista do PSDB, é claro - com o ex-prefeito paulistano Paulo Maluf. “O discurso tem que ser coerente com a prática”, afirmou. “E esse acordo desconstrói o discurso do PT”.
A mais provável adversária em 2014, a presidenta Dilma Rousseff, é claro, tampouco é poupada pelo “novo” Aécio. Na semana passada, Dilma veio a Minas, elogiou o governador Antonio Anastasia, e prometeu verbas para rodovias no estado. A relação amistosa com seu afilhado político não sensibilizou a metralhadora giratória do senador: “Vamos acompanhar dia a dia para que essas boas intenções anunciadas pela presidente se transformem, de fato, em investimentos”, afirmou, cético. “O que Dilma promete agora é o mesmo que Lula havia prometido antes.”
Se o cartucho da metralhadora vai durar, ninguém sabe com certeza. Mas, provavelmente, não restará outro caminho a Aécio Neves. Agora, ele vai ter de se mostrar mais, ainda que colecione inimigos no caminho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário