247 com Agência Brasil – A presidente Dilma Rousseff, elogiando a "intensa mobilização" em torno da RIO+20, usou seu discurso ao plenário da conferência mundial sobre o meio-ambiente, proferido na tarde desta quinta-feira 20, para defender o texto final elaborado pelo Brasil. "É um esforço de conciliação para avançar", sustentou a presidente. "Há uma decisão para não retrocer sobre o que se conquistou em 1992", completou, referindo-se aos termos finais da Eco-92, encontro que também aconteceu no Rio de Janeiro, em 1992.
Dilma elogiou a participação da sociedade civil e dos governo na conferência. "Desde já, esta é a maior cúpula já realizada pela ONU", destacou a presidente. "Pela primeira vez, um documento oficial vai falar em erradicação da pobreza, na igualdade racional e na não discriminação", disse Dilma, que usou seu discurso para mandar um recado aos países desenvolvidos que se posicionam contra a criação de um fundo para financiar o desenvolvimento sustentável nas nações mais pobres. Segundo ela, as promessas de financiamento não se materializaram nos “níveis necessários”.
“A transferência das indústrias mais poluentes, do Norte para o Sul do mundo, colocou as economias desenvolvidas no rumo de uma produção tida como mais limpa. Mas deixou pesada a carga e a conta socioambiental para os países em desenvolvimento. A promessa de financiamento do mundo desenvolvido para o mundo em desenvolvimento com vistas à adaptação e à mitigação ainda não se materializou nos níveis prometidos e necessários”, disse a presidenta.
Dilma também lembrou que o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, em que os países ricos teriam mais responsabilidade que os pobres na promoção do desenvolvimento sustentável, “tem sido, muitas vezes, recusado, na prática”.
Em seu discurso, a presidente também disse que os compromissos de redução das emissões de gases poluentes, previstos pelo Protocolo de Quioto, não foram atingidos, e que várias conquistas da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio92, permanecem no papel. “Temos a responsabilidade de agir para mudar esse quadro.”
Segundo ela, nesse cenário de crise econômica mundial, a tentação de manter os interesses nacionais acima dos temas globais é forte. “A disposição política para acordos vinculantes fica muito fragilizada. Não podemos deixar isso acontecer”, observou.
A presidente disse ainda que o modelo de desenvolvimento do Brasil, que avança no sentido da sustentabilidade, autoriza o país a demandar mais contribuição dos países desenvolvidos. Na sua avaliação, o documento final da Rio+20 trouxe avanços, entre eles a introdução da erradicação da pobreza como desafio global, o pioneirismo de falar de igualdade racial, a criação do Fórum de Alto Nível global para tratar do desenvolvimento sustentável, o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e o reconhecimento de que o Produto Interno Bruto (PIB) é insuficiente para medir a riqueza dos países.
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