Num artigo publicado neste domingo, no Estado de S. Paulo, a colunista Dora Kramer enumera o que considera falhas recentes do presidente Lula e ataca o que chama de “mítica do articulador”. Diz que o que antes parecia correto só funcionava quando Lula dispunha de todos os instrumentos de poder. Sem eles, a articulação se transforma em erro. Leia trechos:
Muito tem se falado sobre os recentes atos políticos imperfeitos do ex-presidente Lula.
Ora os tropeços são atribuídos a presumidos efeitos de medicação decorrente do tratamento de um câncer na laringe, ora a uma suposta crise aguda de onipotência pós-Presidência da República.
Seja qual for a tese defendida, seus autores partem do princípio de que Lula sempre acertou e de repente começou a errar sem uma explicação plausível para as falhas em seu instinto tido como infalível.
(...)
Ora os tropeços são atribuídos a presumidos efeitos de medicação decorrente do tratamento de um câncer na laringe, ora a uma suposta crise aguda de onipotência pós-Presidência da República.
Seja qual for a tese defendida, seus autores partem do princípio de que Lula sempre acertou e de repente começou a errar sem uma explicação plausível para as falhas em seu instinto tido como infalível.
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Falta, nessas análises, um exame mais acurado do ambiente político como um todo e do histórico de ações de Lula.
Se olharmos direito, não é de hoje que age assim - fez e disse barbaridades enquanto estava na Presidência - nem é o único a atuar de costas para o contraditório como se qualquer ação estivesse a salvo de reações.
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Lula achou que pudesse descartar impunemente a senadora Marta Suplicy, aproximar-se de Gilberto Kassab ao custo do constrangimento da militância e do discurso petista, anular uma prévia reconhecida como legal no Recife, pedir bênção a Paulo Maluf, direcionar a posição de um ministro do Supremo Tribunal Federal e administrar uma comissão de inquérito ao molde de seus interesses como se não houvesse amanhã.
E escolheu agir assim por quê? Porque é assim que as coisas têm funcionado na política.
Lula não é o espetacular articulador que se imagina. Apenas tinha, e agora não tem mais, todos os instrumentos de poder nas mãos, os quais utilizou com ausência total de escrúpulos. Quem age ao arrepio das regras ganha sempre de quem é obrigado a segui-las. De 247
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