Abuso total – A instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito significa que há algo de putrefato nos bastidores do poder. No caso do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o escândalo de corrupção poder maior do que muitos imaginam. O alcance dos tentáculos de Cachoeira no mundo político e empresarial é tamanho, que não deve ser descartada a possibilidade de a República implodir caso os acusados revelem parte do que sabem.
Por conta dessa possibilidade não tão remota é que os governistas, em especial petistas e peemedebistas, estão empenhados em limitar as investigações. A CPI foi instalada por pressão do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, que tinha como objetivo maior alcançar o governador de Goiás, Marconi Perillo, cujo partido, o PSDB, não se importa em entregar sua cabeça para ter livre o caminho para investigar. O próprio Lula pode ser atingido pela CPI, uma vez que a Delta Construções, do empresário Fernando Cavendish, envolvida no esquema criminoso comandado por Cachoeira, foi a empreiteira nacional que mais cresceu na última década.
A situação mais degradante do primeiro capítulo dessa ópera bufa em que pode se transformar a CPI do Cachoeira ficou por conta do senador Fernando Collor de Mello, que agora jogando do lado do PT tentou dar lição de moral durante seu pronunciamento. Disse Collor, ao se referir aos acusados na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, “esses senhores notáveis que foram aqui citados”.
Ora, Fernando Collor, primeiro presidente brasileiro a sofrer um processo de impeachment, teve o seu calvário político iniciado dentro de um Fiat Elba. O tombo só não foi maior porque Paulo César Farias, seu tesoureiro, era mais cuidadoso que Carlinhos Cachoeira quando fazia uso do telefone. O que não significa que sobre sua cabeça não gravitava a sensação da impunidade. Quem acompanhou o desdobramento do caso Collor depois do impeachment sabe a extensão do primeiro grande escândalo de corrupção da era pós-ditadura. * http://ucho.info/?p=55292
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