247 – O início da sessão desta segunda-feira no plenário do Senado deu uma pequena demonstração de como a denúncia de que o ex-presidente Lula teria tentado influenciar o julgamento do mensalão deve esquentar o clima no Congresso Nacional nesta semana. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) anunciou que os partidos de oposição vão encaminhar representação à Procuradoria-Geral da República, alegando que os fatos divulgados pela revista Veja apontam graves indícios da prática de crimes de corrupção ativa, coação e tráfico de influência.
"O fato é grave, inusitado, afrontoso e ofende a consciência democrática dos brasileiros. A atitude de Lula, entretanto, não surpreende, já que nos acostumamos a vê-lo durante oito anos como advogado de defesa dos desonestos, a passar a mão na cabeça dos corruptos e ditadores mundo afora", disse o senador, que foi acompanhado pelo colega de partido Aloizio Nunes nas críticas. "Essa notícia nos enche de tristeza, de consternação, e Lula devia pedir desculpas aos brasileiros por sua conduta" concluiu, disse Nunes.]
Coube ao senador Jorge Viana (PT-AC) defender o ex-presidente no plenário. "O presidente Lula tem a seu favor a sua história. Ele esteve por oito anos no governo e jamais mudou a Constituição a seu favor. Tem uma trajetória de respeito às instituições", disse Viana, segundo quem "a melhor pessoa" para falar sobre a reunião entre Lula e Gilmar Mendes é o ex-ministro Nelson Jobim – que negou a pressão de Lula sobre Gilmar.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), por sua vez, se limitou a constatar a gravidade do ocorrido. "Se o presidente Lula fez aquela proposta, temos uma situação de interferência na Justiça. Se não fez, temos um ministro do Supremo faltando com a verdade. É um momento negro da nossa história", disse.
CPI
O fato é que a denúncia de Mendes e o desmentido de Jobim jogam ainda mais lenha numa Comissão Parlamentar de Inquérito que revelou, em sua forma mais evidente até então, a polarização entre petistas e tucanos em sua última reunião, na quinta-feira da semana passada, quando o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) chegou a chamar o relator Odair Cunha (PT-MG) de "tchutchuca" por pegar leve com o governador do DF, Agnelo Queiroz.
Agora, enquanto a coluna Poder Online, do IG, informa que peemedebistas e petistas decidiram não admitir que sejam chamados os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Agnelo Queiroz (PT-DF), mas exigem a convocação do governador tucano de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o PSDB ameaça trazer Lula para o centro das atenções. A movimentação, avisam os petistas, não ficará sem volta: eles devem discutir formas de desenterrar requerimentos contra a revista Veja e investigar o que Gilmar Mendes tanto teme para ter de se tornar objeto de blindagem.
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