- Diante da repercussão sobre as negociações de propinas mostradas domingo pelo programa ‘Fantástico’ da TV Globo, quando vemos as reações do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, bem como de algumas autoridades federais, vem à nossa mente uma pergunta: ninguém sabia dos esquemas de corrupção? É incrível! Agora estão todos falando em anulação de contratos com as empresas flagradas tratando de percentuais de ‘taxa de sucesso’ (bonito apelido para a propina, lançado nos tempos dos familiares de Erenice Guerra). E sabem que não se rescinde contratados assim, sem mais nem menos, pois essas empresas não assinam nada que não lhes dê garantias jurídicas em caso de rescisão. Agora estão todos querendo ‘tirar o sofá da sala’;
- Na verdade, já faz parte da cultura brasileira o famoso ‘dez por cento’ negociado em todo o País nos órgãos públicos. Propina, corrupção, empreguismo, fisiologismo, desvio de dinheiro público são assuntos que parecem não impressionar mais ninguém. Tanto é que os eleitores sempre estão garantindo a renovação dos mandatos daqueles que lideram tais ‘malfeitos’. Sabe-se que principalmente nos últimos tempos os chefes de repartições são indicados por políticos de partidos que apoiam os Executivos durante a campanha ou na composição de sua ‘bases aliadas’ nos Legislativos federal, estaduais e municipais. Com os valores dos custos das campanhas eleitorais aumentando a cada eleição em face da sofisticação do marketing eleitoral, em cada pleito aumenta a necessidade de captação de recursos financeiros e as empresas do ‘esquema’ são o caminho mais curto para as doações tanto legais como aquela que se transformam em ‘recursos não contabilizados’, expressão de autoria do famoso Delúbio Soares;
- Convém ressaltar que a reportagem do ‘Fantástico’ foi montada em um único órgão público, o Hospital Pediátrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Dá para se imaginar o que deve acontecer apenas nos demais hospitais públicos, para ficarmos apenas na área da Saúde. Imagine-se, então, o que acontece na contratação de obras de altíssimo valor, como estradas, aeroportos, siderúrgicas e hidroelétricas. Tem razão do agora deputado federal Romário quando prenuncia um grande roubo de dinheiro público com as obras para a Copa do Mundo de 2014, que estão atrasadas e que poderão ser concluídas em caráter de emergência, quando não há licitação para se negociar propinas, algo que seria resolvido sem necessidade de ‘concorrência’ sem participantes escalados para apresentar preços maiores do que a empresa do ‘esquema’;
- O que é mais urgente em meio a tudo isso é a imediata punição dos denunciados pela TV Globo, todos amplamente identificados, seguindo-se uma apuração de caráter nacional, também com todos os envolvidos punidos, algo que não vai acabar com a indústria da propina, mas que certamente inibirá os atuais praticantes dos ‘malfeitos’. O que fica na dúvida é a veemência com que o novo líder do Governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), já se pronunciou contrário à formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), algo que a presidente Dilma certamente não quer, porque certamente vai respingar no Governo, pois ela, que foi a grande ‘gerentona’ no governo de Lula, certamente sabe de muita coisa que não interessa que seja revelada principalmente em ano de eleição. De http://pontoetvirgula.blogspot.com.br/
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