Márcia Moreno *Do UOL, em São Paulo
Não é difícil encontrar na internet dicas de como fazer aborto em casa com o uso de medicamentos. Alguns sites chegam a vender os remédios, prática que é ilegal e pode expor a saúde da mulher a riscos.
A polêmica sobre o assunto veio à tona no início do ano, quando a médica fundadora da ONG Woman on Waves, Rebecca Gomperts, colocou como foto do seu perfil do Facebook um texto que explica passo a passo como usar o misoprostol, remédio para úlcera que provoca contrações uterinas, para levar ao aborto.
A administração da rede social chegou a suspender a página pessoal da médica por dois dias. Ela recebeu a explicação que o conteúdo violava suas diretrizes. Mas o Facebook voltou atrás e enviou um pedido de desculpas à ativista, que vibrou. "As redes sociais devem assegurar o direito à liberdade de informação".
No Brasil, o aborto é considerado crime, exceto em caso de estupro ou de risco de vida materno. O misoprostol (popularmente conhecido como Cytotec) teve a venda proibida no varejo em 2001. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso desse medicamento só deve ser realizado com prescrição médica e o aborto, feito apenas em ambiente hospitalar. A venda é considerada infração sanitária gravíssima e crime hediondo.
A Anvisa tem equipes de fiscalização que rastreiam a internet para procurar e combater crimes - como a venda de misoprostol. "Mesmo assim, há um imenso mercado negro vendendo cada comprimido por R$ 100”, comenta Rita Dardes, que é diretora médica do Instituto Avon e professora afiliada do Departamento de Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Em entrevista ao UOL Ciência e Saúde, a ativista da Woman on Waves diz que o misoprostol “pode ser facilmente utilizado pelas mulheres sem a supervisão de profissionais de saúde". Ela alega, também, que as mulheres que necessitam de cuidados por causa de um aborto incompleto podem ser tratadas por qualquer médico.
Gomperts entende que o trabalho de divulgar o uso abortivo pode salvar a vida de várias mulheres. Ela informa que em países da América Latina, África e Ásia, onde as mulheres não têm informações sobre aborto seguro, a interrupção da gravidez tem como resultado a morte de uma em cada 300 mulheres. "São 70 mil mulheres que morrem a cada ano, desnecessariamente. E muitas que sobrevivem sofrem de dor crônica e infertilidade".
"O uso deste medicamento mostrou ser seguro e efetivo em 90% dos casos, se tomado até a nona semana de gravidez. Tem até estudos que comprovam isso", diz a ativista. Leia tudo aqui http://noticias.bol.uol.com.br/ciencia/2012/02/02/medica-de-ong-cria-polemica-ao-divulgar-uso-de-abortivo-no-facebook.jhtm
Nenhum comentário:
Postar um comentário