Um dia após ser demitido como técnico do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo concedeu entrevista coletiva nesta sexta-feira, na zona oeste do Rio de Janeiro, em que atacou a diretoria do clube. O pentacampeão brasileiro disse ter se sentido "fritado" pela direção dentro da Gávea e ainda cutucou Ronaldinho Gaúcho."A diretoria não resolvia os problemas, insistia em varrer as coisas para baixo do tapete. Tem uma hora que complica, não dá para segurar mais, a coisa estoura. Tenho certeza que a Patrícia [Amorim] só tomou a decisão de demitir pela cabeça dos outros. Não foi uma coisa dela. Foi uma pressão das pessoas que a cercam. Isso mostra bem o que acontecia naquela diretoria", disparou o treinador. "Essa falta de autoridade dela enquanto presidente foi um intenso desrespeito. Ela não foi leal comigo. E eu estive do lado dela o tempo inteiro", emendou.Há aproximadamente um mês, já sabia que ia sair do Flamengo após estes dois jogos da pré-Libertadores. Foi um 'fritura' muito bem feita pelas pessoas de dentro da diretoria do clube, muito bem conduzida pelas pessoas que queriam me ver longe dali. Vazaram informações preciosas para a imprensa com o claro objetivo de me desgastar. Foi o processo mais feio que já vi em toda a minha vida profissional", declarou o veterano treinador.
Luxemburgo afirmou que sua relação com Ronaldinho era apenas profissional e deixou no ar a avaliação de falta de comprometimento do jogador mais famosos do elenco que comandou até esta semana.
"Minha relação com ele era exclusivamente profissional. Eu jamais vou querer o Ronaldinho para casar com a minha filha. Não tenho que ser amigo dele, jantar com ele, ficar distribuindo sorrisos ao lado dele. Eu queria apenas que ele jogasse futebol e cumprisse com seus compromissos. E tenho certeza que isso não era pedir muito", disse.
O ex-técnico do Flamengo ainda criticou a atuação do cartola Luiz Augusto Veloso como elo entre o grupo e a direção do clube, citando falta de pulso na condução desta relação.
"E outra coisa, falaram muito de problemas de relacionamento do Luxemburgo com o grupo. O desgaste dentro do elenco sempre existe, mas o que ocorreu dessa vez foi uma falta de pulso da diretoria. Eu procurava passar os problemas, mas faltava esse meio campo com a diretoria do clube. Se esse elo da diretoria com a comissão técnica faltou, não é problema meu", criticou.
A decisão da demissão de Luxemburgo aconteceu após uma reunião na casa de Hélio Ferraz, vice-presidente do clube. Um dos grandes articuladores desta ação foi o vice de finanças, Michel Levy.
"Cada pessoa escolhe seus pares. Ele (Michel Levy) é um homem-chave da administração da Patrícia. As declarações dele trouxeram inúmeros prejuízos ao grupo. E a diretoria tem que arcar com esses prejuízos", disse.
Por fim, Luxemburgo comparou seu processo de desligamento do Flamengo com a recentemente saída de Zico da direção, em episódio que abalou a antiga amizade entre os dois ex-jogadores.
"Infelizmente, essa coisa de ser fritado parece ser normal no Flamengo. E sempre conduzido pelas pessoas que estão ao lado da presidente. Aconteceu comigo o mesmo que ocorreu com o Zico. O desgaste foi aumentando, ninguém da diretoria se posicionava e a história estourou em cima de nós. É complicado assistir a tudo isso", afirmou.
A última partida de Luxemburgo à frente do Flamengo aconteceu na quarta-feira, com a vitória por 2 a 0 sobre o Real Potosí, que assegurou para os cariocas uma vaga na fase de grupos da Copa Libertadores.
A expectativa é que a direção do Flamengo anuncie a contratação de Joel Santana nas próximas horas. O veterano treinador comunicou na quinta-feira seu desligamento do comando do Bahia. Pedro Ivo Almeida Do UOL, no Rio de Janeiro
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