Não tenho registro, pelo menos na memória, de que tenha havido, mesmo na época da ditadura, um cerco de forças federais ao Legislativo da Bahia. É certo que, no momento, o Estado enfrenta uma situação inusitada, um motim que comanda a baderna e o terror, já instalado na Bahia há oito dias. Um movimento que, por falta de explicação oficial, teria saído do nada como se tivesse ocorrido uma eclosão espontânea que ninguém viu, ninguém soube como. Até parece que aguardaram o momento certo para detoná-la: quando o governador estivesse em viagem ao exterior. Diante do quadro anárquico, da explosão de crimes e da violência que encontrou ao retornar, apelou para a presidente Dilma, que determinou o deslocamento a Salvador de ministros e das forças nacionais de segurança, comandadas pelo Exército. Aqui chegaram para se colocar à frente e, se necessário, estabelecer o enfrentamento de modo restabelecer a normalidade, até aqui sem êxito. Os amotinados escolheram a Assembléia Legislativa como quartel-general, liderados por um civil, profissional carimbado em movimentos como esse, de cunho reivindicativo e anárquico. O governo deixou a Polícia Militar à margem, apenas como coadjuvante. Enquanto a AL se transformou no fortim do levante, o governador reúne-se com os seus assessores em seu bunker. Alguém teria que lhe dizer que é importante para os governados saber que o chefe do governo está à frente das decisões, que está presente no cenário onde se concentram os amotinados. Quando menos para aparecer, mostrando-se como governante, e lá conversar com os comandos militares e dar, mesmo que rápidas, entrevistas à imprensa daqui e de fora. Afinal, a Bahia é notícia internacional. Não basta aparecer na televisão. A ele, assim entendo, caberia estar presente ao palco onde se desenvolve o pré-conflito e dar ordens – ele é o comandante-em-chefe - à PM para que impeça, a todo custo, com a tropa que é fiel à corporação, os saques e a bandidagem que dissemina o medo na cidade e fecha casas comerciais (além de saqueá-las), prendendo e enjaulando os que se aproveitam da situação, insuflados pelos amotinados. O governador não dispõe de uma boa equipe de assessores. Há bons destaques, sem dúvida, mas o secretariado, de modo geral, é fraco, aparelhado que foi por petistas, sindicalistas e representantes de partidos políticos da base aliada. No segundo e terceiro escalões a situação é bem pior, vexaminosa, até. A qualidade dos que ocupam postos deixa muito a desejar. Como político hábil que é, deve estar sentido o impacto do péssimo momento do seu governo e sabe que nódoas com essa são indeléveis, irremovíveis. De resto, já que não tem quem lhe diga, daqui o faço: este motim levou à circulação pública uma crítica de seus adversários e até daqueles que não o são: a sua paixão por viagens, principalmente para o exterior. Seria conveniente que houvesse comedimento. De http://www.bahianoticias.com.br/
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