O resultado do leilão de privatização dos Aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília, realizado na segunda-feira, levou preocupação a investidores que detêm ações de algumas das empresas que integram os consórcios vencedores e a uma agência de classificação de risco de crédito.
A agência Fitch, uma das maiores do mercado, colocou o rating (nota) da Investimentos e Participações em Infraestrutura (Invepar) e da Triunfo em observação negativa para possível rebaixamento. Ou seja, os analistas da agência vão olhar todos os números e, em algumas semanas ou meses, decidirão se vão dizer para o mercado se o risco de calote das duas empresas aumentou ou não por causa da concessão dos aeroportos.
A Invepar tem 90% de participação no consórcio que arrematou a concessão do Aeroporto de Guarulhos, por R$ 16,2 bilhões. A Triunfo (TPI) ganhou a concessão do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com ágio de 159,7% em parceria com a UTC e a francesa Egis Airport.
Terá de pagar R$ 127 milhões por ano ao governo a título de outorga mais 5% da receita bruta como contribuição anual ao Fundo Nacional de Aviação Civil. Durante os 30 anos de concessão, o grupo terá de investir R$ 8 bilhões para ampliar o aeroporto. As ações da TPI despencaram 10% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).
Em comunicado, a Fitch lembrou que a “concessão adquirida demandará pagamento proporcional à participação de 51% do controle no consórcio, a ser feito no prazo da concessão de 30 anos”. A Fitch também lembrou que estão previstos, inicialmente, investimentos totais de R$ 8,7 bilhões.
“Ainda não foi possível avaliar de forma segura a magnitude do impacto dessa aquisição no perfil de crédito da Triunfo”, afirmaram os analistas no texto. “A Fitch solucionará a observação negativa tão logo tenha acesso às estratégias e às condições de financiamento vinculadas a essa aquisição e obtenha informações sobre a geração de caixa operacional esperada e o fluxo de investimentos programados.”
Para a diretora de Relações com Investidores da TPI, Ana Cristina Carvalho, os analistas não entenderam bem o edital e as premissas da proposta. Segundo ela, a Triunfo não vai arcar com todos os compromissos sozinha. Considerando a Infraero, a participação da empresa no aeroporto será de 22,95%. Ela destacou ainda que o endividamento da empresa é alto por causa da maturação de projetos de longo prazo, que só vão começar a gerar receita em alguns anos.
A Triunfo venceu, em 2008, leilão do governo do Estado de São Paulo para concessão da Rodovia Ayrton Senna, mas não conseguiu entregar as garantias exigidas. Na ocasião, uma das justificativas foi a crise mundial, que reduziu a liquidez do mercado bancário. O consórcio perdeu a concessão para o segundo colocado. De http://www.jt.com.br/seu-bolso/
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